ABSTINÊNCIA SEXUAL , MARCHE!

Alguém de espirito festivo poderá pensar que é uma voz de comando dada por algum militar, mas não é não.

Embora a campanha me pareça um tanto simbólica é óbvio que é utópico tentar prevenir a gravidez na adolescência, através da abstinência ou qualquer meios, principalmente nas periferias.

Lembro, quando as primeiras policiais do sexo feminino ingressaram na Brigada Militar (Polícia Militar dos Rio Grande do Sul), então numa entrevista, o repórter perguntou ao Comandante, se a Corporação estava preparada para a possibilidade de que muitas policiais engravidassem ao mesmo tempo.

O Comandante fez uma pause e respondeu que elas não engravidariam!

- "Como não?" - lascou o entrevistador. São todas solteiras,encerrou o Chefe.

Algum tempo depois elas foram engravidando, na média histórica da pululação.

Assim, as adolescentes continuarão a engravidar, mesmo com esta campanha, como já acontecia com as anteriores.

Campanhas não funcionam.

Antes que algum periférico me apedreje, respondo que escrevo isto, por conviver na periferia.

Entendo que o simbolismo está na mensagem do atual Governo, que difere dos últimos anos, quando pregavam que adolescentes usassem preservativos e até anticoncepcionais, não importando a idade, deixando tácito que o relacionamento sexual seria normal em qualquer idade. Assim subliminarmente a mensagem da abstinência, choca e até parece infantil, mas pode despertar mais atenção, do que as campanhas anteriores.

Sobre a periferia, faz mais de 10 anos, que tenho ido aos postos de saúde para receber as vacinas, nos últimos quatro anos, no posto que fica a uma quadra de casa, neste e noutros que fui há dois dispositivos de onde podem ser retirados preservativos e vaselina, sem qualquer cadastro ou limite.

Das vezes que estive lá, assisti somente um adulto pegar depois exemplares de preservativo.

Durante o atendimento, abordei o assunto com a moça que me aplicava a vacina, embora ela tenha sido lacônica, deu para entender que o material se destinava a população em geral, mas o foco era os adolescentes e profissionais do sexo e que a procura era baixa, pois acreditavam que não engravidariam e se isto acontecesse, poderiam abortar!

É um assunto delicado de se tratar com adolescentes, principalmente do sexo feminino e da periferia, mas por curiosidade, indaguei de um rapaz com 18 anos que vivia com uma adolescente de 16, grávida, se fora planejado o engravidamento. Claro que não, respondeu ele. Durante a conversa, perguntei porque não tinham pego o preservativo no posto de saúde, etão ele devolveu-me, perguntando se eu comia balas com papel.

Não toquei mais no assunto e no dia seguinte quando ele concluiu a capina, pelas costas dele, fiz uma prece e desejei toda sorte ao pequenino que estava a caminho.

Não nos vimos mais, mas a esta altura o pequenino já deve ter vindo ao mundo.

ItamarCastro
Enviado por ItamarCastro em 23/01/2020
Reeditado em 23/01/2020
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