Caricatura ilustração que adorei : Artur Vital
CONTO OU CRÔNICA – QUE AMIGA DA ONÇA!
Ysolda Cabral
CONTO OU CRÔNICA – QUE AMIGA DA ONÇA!
Ysolda Cabral
Vez por outra conto uma mentira para colorir um pouco a Vida, como todo mundo conta. Contudo, fazer isso em Conto, nunca gostei. Tanto é que, em toda minha vida literária escrevi muito pouco nesse gênero. Criar, inventar, minha alma já faz isso na Poesia.
Gosto mesmo é de escrever crônica de fato vivenciado por mim, e se for por outra pessoa escrevo, mas só publico com a devida autorização, se falar o nome dela, claro! Interessante é que minhas crônicas sérias, sempre terminam com uma certa pitada de humor. Creio que por eu ter sido, até ontem, uma pessoa muito divertida e bem-humorada. - Não sou mais. Agora sou antipática, com tolerância zero e até com certa dosagem de preguiça. Estou em câmara lenta e é assim que cheguei ao segundo parágrafo desta crônica e vou para o terceiro com receio de escrever fatos que ainda nem diluí direito.
Pois não é que aquela uma me deixou ainda mais lenta e sorumbática! Aquela de inteligência ímpar, que subestima a de todo mundo, que se dizia minha amiga, que pegava carona comigo todo dia, ''só para me fazer companhia’'. – Também, escutar o que escutei não foi moleza!
A boa educação sempre me disse que há verdades que não precisam ser ditas, nem escritas, mas o caso é que escutei o que não precisava escutar. Entretanto, como faço terapia escrevendo crônicas, então lá vai:
Sabe o que ela me falou, apenas para me prevenir? Que eu estava ficando careca. Depois, entendeu, viu ou descobriu, enquanto eu dirigia com a atenção e todo cuidado que o trânsito do Recife requer, que minhas orelhas estavam maiores. E, ainda, como se não bastasse, comentou o quanto é triste a pessoa já no fim da vida (velha mesmo) precisar trabalhar, quando deveria estar aproveitando o resto que ainda tinha. Inclusive, como amiga generosa e preocupada com o meu futuro, – se eu ainda tiver um, né? – disse ter tomado conhecimento de que alguns Órgãos estão demitindo os aposentados e que nos corredores do Crea isso já estava sendo ventilado.
– Pronto! Falei. Botei para fora tudo o que estava me incomodando e agora estou dando é muita risada. - Já tem umas duas horas que não olho o meu cabelo, nem as minhas orelhas no espelho e nem as meço! Porém uma coisa é certa: nunca mais falo com ela.
- Que amiga da onça!
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Apenas Ysolda
Uma pessoa que chora e ri de alegria,
tristeza, ou saudade sem pudor.
www.ysoldacabral.blogspot.com/
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