Mais ou Menos não é o Suficiente.

“ Mas porque és morno, nem frio e nem quente, estou para vomitar-te de minha boca.” ( Livro do Apocalipse 3:16)

Aos que vierem a ler esta crônica, faço um pedido: só leia se for por inteiro, ou não leia, pois o que se faz mais ou menos não é o suficiente para valer o tempo empregado em uma tarefa, por mais simples que ela seja. E o tempo, meus caros, é precioso demais para ser gasto com coisas medianas.

A propósito, quanto ao trecho bíblico que introduz o assunto dessa conversa, que não tem nada de morna ou mediana, mas de grande relevância existencial, não é para conferir-lhe caráter religioso, mas sim, reflexivo, independentemente da crença ou religião que se tenha, ou ainda que não se tenha nenhuma.

Na verdade, o que me motivou a compartilhar essa palavras com você que está me lendo nesse momento, é uma angústia existencial dilacerante, um medo que me acompanha há muito tempo: o medo da mediocridade.

A palavra “medíocre”, em sua etimologia, pertence ao mesmo campo semântico de “médio”/”mediano”, ou seja, “insuficiente.”

Como é devastadora a ideia de chegar ao derradeiro da existência e ao se olhar para trás, perceber que a vida foi morna, insuficiente, superficial, mais ou menos, uma vida em que não se tenha edificado nada por completo, ou nada que realmente tenha feito a diferença, ainda que no mundo de alguém.

Penso que a vida é a soma de tudo aquilo que fazemos por completo, de todas as coisas em que fazemo-nos presentes por inteiro, em que lançamo-nos de corpo e alma.

Não, de modo algum refiro-me aos extremismos, às incoerências, fanatismos ou desequilíbrios que só fazem prejudicar a harmonia e a paz. Refiro-me à plenitude, à completude, à unicidade.

Hoje, pela manhã, tomei o primeiro gole de café e percebi que ele estava morno, foi intragável. Então, bateu-me forte a vontade de escrever esse texto. O café, nem quente e nem frio, tornou-se a personificação da minha maior inquietação enquanto ser vivente: não tenho medo da morte, tenho medo é de viver pela metade.

Estou aqui por inteiro com você que se dispôs a ler este texto. Estou aqui cara a cara, como se olhasse em seus olhos e isso é o mínimo que posso fazer em sinal de compromisso, escancarando a minha subjetividade.

Que Deus em sua Total, Completa e Infinita Bondade não me permita Ser/Estar no mundo “mais ou menos” porque não há: AMOR, AMIZADE, MATERNIDADE ou PATERNIDADE, QUALIDADE DE VIDA, SORRISO, COMPROMISSO, LIBERDADE, BONDADE, LEALDADE, PROFISSIONALISMO, DEDICAÇÃO, CARÁTER, EDUCAÇÃO, POSICIONAMENTO, OPINIÃO, POLÍTICA, CRENÇA, SONHOS, VERDADE nem tão pouco ser FELIZ pela metade.

Eu hoje tomei um gole de café, e quando percebi que estava morno, cuspi da minha boca.

Gi Luz
Enviado por Gi Luz em 22/01/2020
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