Enfeitando o Maracá

COSTUMO rir dos que se julgam donos da verdade. A palavra final. Os exatos. Vejam bem, não estou pichando quem fala a verdade. Mas sejamos francos, quando relatamos um fato, sempre colocamos nele uma pitadinha de nossa opinião, não raro uma pimentinha extra. É como diz o ditado: - quem conta um conto acrescenta um ponto. Bingo. Na essência o fato narrado está correto, mas recontado por várias pessoas ele será será será alvo de algumas adulterações, umas pitadinhas de enfeite, molho...

Quem escreve, principalmente crônicas ou contos, enfeita o maracá. Não, não inventa, apenas acrescenta, retira, aumenta, reduz, enfeita, amplia, enfim, impõe o seu estilo, sua opinião, o escambau. Ora, ora, mas e se alguém diz: - Então isso é uma mentira? Não é, é apenas um recurso de quem escreve de como ele gostaria como fossem as coisas no cotidiano, criticando, elogiando ou sonhando. A crônica e o conto não são uma tese, um relato histórico, um catatau jurídico (como se mete nesses!).A crônica e o conto não se regem pela exatidão. Têm muito a ver com o humor e o sonho. Revela a alma de quem escreve. Nessa arte o escritor, seja ele craque ou perna de pau (meu caso) faz streep tease).

Peço desculpas por entrar num assunto controverso, afinal não sou literato, mas apenas um curioso. Eu enfeito o maracá. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 22/01/2020
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