“Tijolinhos amarelos...” (BVIW)

Deixada num canto do sótão próxima à janela, a antiga cristaleira resiste à passagem ao tempo e as marcas do tímido raio de sol que a visita, quase todas as manhãs, pousando em parte do seu espelho quebrado. À espera de atenção, assim, ela permanece, JÁ PASSOU DA HORA, de receber as cuidadosas mãos do restaurador!

A cristaleira esquecida em rendas de teias lembra a solidão, daquela camisa branca a bailar, dia após dia no varal; a quietude da poeira a envolver o jogo de xadrez e as peças em pedra - sabão, observando o balançar da rede na varanda, mesmo com a ausência do vento, e seguido pelo olhar atento do gato...

Há objetos que durante o dia calam a dor, guardando as memórias dos seus donos; e nas madrugadas insones libertam-se: o passado e o presente dialogam confidências. E assim, os dias pincelam imagens - viagens e a Mulher/menina busca em seus encontros com o espelho, àquela estrada de “Tijolinhos amarelos”, tentando encontrar um jeito, de estancar com poesia, a gota de sangue que desliza do seu dedo de nuvens...