Luiz Vieira, o cantador

     1. Meu caro amigo, se você, de fato, curte a boa música brasileira, com certeza conhece uma canção com esta letra: - "Quando estou nos braços teus/ Sinto o mundo bocejar/ Quando estás nos braços meus/ Sinto a vida descansar. = No calor do teu carinho/ Sou menino passarinho/ Com vontade de voar/ Sou menino passarinho/ Com vontade de voar". 
     
2. Essa canção, de melodia dolente e bem romântica, é cantada no Brasil, desde 1962. Foi entregue aos brasileiros por um compositor pernambucano chamado Luiz Vieira, que acaba de partir.
     Luiz Rattes Vieira Filho morreu no Rio de Janeiro, no dia 16 de janeiro de 2020, aos 91 anos. Mais conhecida como "Menino Passarinho", essa canção do Luiz acalentou muitos corações apaixonados...
     
3. Luiz Vieira, que teve uma infância muito difícil - trabalhou como engraxate e guia de cego -, nasceu na cidade de Caruaru, sertão pernambucano, em 12 de outubro de 1928. 
     Começou sua vida artística cantando valsas e sambas-canções. Como muitos artistas, depois famosos, Luiz Vieira cantou, como calouro, no programa "Papel carbono", apresentado pelo radialista Renato Murce. Um barato. 
     
4. Mas foi em 1953 que Luiz Vieira lançou uma canção considerada pelos estudiosos da MPB como seu primeiro sucesso: "Menino de Braçanã". Eis a letra.
     "É tarde, eu já vou indo/ Preciso ir embora, té amanhã/ Mamãe quando eu saí, disse/ Filhinho não demora em Braçanã/ Se eu demoro mamãezinha tá a me esperar/ Pra me castigar. Tá doido, moço/ Num faço isso, não/ Vou-me embora, vou sem medo dessa escuridão/ Quem anda com Deus / Não tem medo de assombração/ E eu ando com Jesus Cristo/ No meu coração".
     
5. Como boêmio aposentado, senti a morte de Luiz Vieira. E fiquei p da vida com a grande imprensa brasileira que não deu o merecido destaque à morte do compositor e cantador - assim ele preferia ser chamado - de "Menino de Braçanã", "Menino Passarinho" e de mais de uma dezena de belas músicas. 
     
6. Como fiz com Emilinha, Marlene, Cauby, Ângela Maria, Nelson Gonçalves, as irmãs Batista, Carmélia Alves, Waldick Soriano e Núbia Lafayette e outros que nos deixaram, escrevendo para cada um uma crônica de despedida, faço, agora, o mesmo para Luiz Vieira. 
     Luiz que, com seu talento e sua inspiração, deu-me de presente as canções aqui apontadas, exatamente no tempo em que, para mim, o mundo era uma linda canção...
Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 20/01/2020
Reeditado em 21/01/2020
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