Ludendórfi

No dia 1 de janeiro de 2016 eu conheci quatro pintinhos em uma granja de Boa Sorte, um antigo engenho que faz parte do município de Vitória de Santo Antão. A raça índio-gigante estava na moda por aqui (na verdade eu descobri numa viagem ao parque de exposição de animais no Recife, em 2014), e então resolvi pagar um certo valor pelos quatros.

Sempre gostei de colecionar muitas raças, pelo menos quantas podia, e inseri àquela nova raça no meu pequeno plantel.

Diferentes dos outros, estes índios-gigantes eram muito dóceis e resolvi dar nome a eles. Bom, apesar de serem seres irracionais, eles atendiam bem ao chamado.

Ludendórfi era um macho zambeto que, de quando em vez, arrumava algumas confusões. Quando não era com outros galináceos era correndo atrás de quem passava com bolsas da mercearia, de preferência se fosse pão. E mim recordo bem de uma voz que gritava na rua: "Sai! Sai! Sai! Ai meu Deus! Sai daqui! Quando vou olhar, mim deparo com uma mulher que tinha pouco mais de 120 mm, ela estava gritando e rodando com um milho assado na mão protegendo-o de Ludendórfi que a todo custo queria pegar.

E lá estava aquele índio-gigante tentando beliscar o milho assado da mulher, a qual se via indefessa diante de seus 99 Cm, um tamanho considerável para um galo. Saí as pressas e peguei ele e soltei em uma área do quintal, mas isso era rotina, era um galo fora do normal.

E era sempre assim a vida de Ludendórfi, um animal que não conhecia leis e parecia como a maioria dos homens públicos do Brasil, em termo de comportamento. Corria atrás das pessoas para se apoderar de seu sustento, e quando via crianças indefesas, ou pessoas pequenas, tentava tirar seu alimento. E isto acontecia depois de já ter recebido uma boa alimentação proteica, mas alguns privilégios como massas de panela, água direto da torneira, e um bom tratamento para manter a plumagem, por exemplo.

Fazem três anos que ele não mais existe, mas nunca pensei que um animal tão insignificante como Ludendórfi pudesse representar de maneira tão eficiente nossos homens públicos. Estes recebem um bom salário, mais grandes auxílios, e ainda correm atrás de órfãos e viúvas, para se apoderar de seu sustento. São verdadeiros "césares democratas", espoliadores, e ainda nos obrigam tão democraticamente que ninguém no Brasil concorda com seus salários e regalias.

Mesequias Oliveira
Enviado por Mesequias Oliveira em 20/01/2020
Reeditado em 20/01/2020
Código do texto: T6845924
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