TEATRO MAMBEMBE. VISÃO SUPERFICIAL. INTERNET.

A evolução da comunicação nos trouxe o teatro mambembe que frequentamos por facultados e motivados interesses. Uns por distração, outros por assunção de “profissionalismos” entendidos haver – surgiram muitos “jornalistas” - outros ainda para satisfação agora permitida pela WEB de comunicação maior. O homem se comunica faz pouco tempo, fala em temporalidade recente avaliado o tempo.

Da história da comunicação humana e seu espectro, da oralidade chegou-se à prensa, ao rádio, cinema e após TV, desaguando na explosão da WEB. Cataclismo veloz do intercâmbio que concentrou, contemporizou e dividiu ao mesmo tempo a comunicação na globalização atual. É um grande fenômeno, como exemplo de ligação entre os homens, quase como o avião sob outra angulação. Em pouco tempo estamos em três continentes nas viagens, em poucos segundos na WEB. Tem saldo positivo de tirar muitos da depressão e da clausura por doenças.

Mas não restam dúvidas que é a maior fonte de pesquisa antropológica.

Ficou claro uma visão rápida e segura de todas as latitudes e do que se tem como educação. E ela se põe sofrível na avaliação mesmo rasa. Há inteira ausência de faculdade cognoscitiva, baixíssima apreensão diante de exposições de confronto do que se crê, você é tese e antítese do que expõe, ausência total de dilação das mensagens por falta de meios para comunicabilidade razoável, por desconhecimento total da língua e aparelhamento de estudo precedente ou mesmo atual. Nenhum conhecimento circular, enciclopédico como significação. Somente memorizações de excertos sem aprofundamento ou compatibilidade do que se expressa. Nem analogias explicativas. E resulta em enfrentamento das próprias razões.Um desastre.

Desse quadro elástico e abrangente surgiu do próprio povo a sinalização do que seria “achismo” em vários temas e setores. É como se estar na praia assistindo vastidões de horizontes sem mergulhar nas profundezas do mar. O fundo do mar é maravilhoso, há muita vida.

Esta é a cognição “pela rama” que justifica conceituações da internet pelo grande semiólogo desaparecido Umberto Ecco, que abriu portas para qualquer “achado”. O que disse procede e se torna flagrante para o mais singelo hermeneuta. Irrespondíveis suas definições, e o próprio povo o abençoou no vocábulo de “achar qualquer um o que quiser”, o tal “achismo”. E fica palpável a constatação pela notoriedade da adjetivação por ele movimentada.

Ninguém quer assistir Verdi na sua ária “Coro dos Escravos Hebreus”, ópera de Nabuco, clássico mundial, que se tornou praticamente hino italiano, cantado ao final pelos assistentes pela educação conquistada, junto com o coro, vibrantes todos na cidadania pela liberdade, ou ver o “Lago dos Cisnes”, balé dramático de compositor russo Piotr Ilitch Tchaikovski, que seduz pela plasticidade. Nem sabem dessas existências. E criticam quem sabe e gosta.

O Teatro mambembe está ao alcance de todos pela popularização que faz parte do mundo e das gentes. Dessas coxias não se retira a dramaturgia de um Shakespeare, fenômeno exclusivo e singular, nem de um Machado de Assis egresso das discriminatórias cotas racistas, que enfrentaram a constituição no garante de igualdades, com o beneplácito do sempre surpreendente STF.

Nada de mal existe nessa asfixia educacional, áspera e rude, mas restringe e sufoca a visão educativa e o dimensionamento da sensibilidade. O mambembe é mambembe, não avulta nem em “folklore”, folk povo e lore conhecimento. Conhecimento do povo. É passadiço, registrado assim de forma tênue.

Estados através do tempo, com poucas exceções, nada fazem por esta situação que não deixa o ser humano melhorar; ausência de educação. Isso é tudo, mas a pessoa precisa querer se educar. Não basta o empurrão das instituições e da família, trata-se de vontade pessoal.Essa cegueira nascida da inércia para o avanço, põe chumbo nas pernas da velocidade em saber um pouco ao menos, e enterra de vez a possibilidade de crescer, por não entender que nada somos se não somos a clareza e responsabilidade que nega causa e efeito de nossas convicções. Não se chega ao tudo que almejamos se preferimos negar o tudo que leva a esse desfecho.Só há uma vontade na liberdade, a que não nega a liberdade.

O mar abre a possibilidade do olhar fortificado em distinguir o muito e o pouco, o máximo e o mínimo, a situação superficial e a profundidade. Existe uma vida na profundidade cultural, como no mar, vida que não é vista na superfície, embora possa ter também beleza, sempre sem permanências maiores.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 19/01/2020
Reeditado em 19/01/2020
Código do texto: T6845802
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