148 - Cento e Quarenta e Oito

Tinham poucos minutos para registar a pose do modelo. A seguir o nu movia-se segundo as instruções do Mestre e quem não soubesse ver rápido, esboçar depressa, registar o importante, ficava com alguns traços sem sentido na folha do bloco. Cada um vê a mesma coisa de modo diferente. Ninguém sabe descrever com rigor o seu relógio de pulso e muitas vezes o olhamos ao longo do dia. Ver, disse o professor, é sempre um caminhar do geral para o particular. Que o desenho parta da imprecisão periférica ou da geometria da estrutura. Onde ficam os principais acidentes? Dos que há, quais são para mim os principais? E o nu parado esperava que cada um o visse vendo-se.

Edgardo Xavier
Enviado por Edgardo Xavier em 18/01/2020
Código do texto: T6845081
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.