146 - Cento e Quarenta e Seis
O começo e o fim dizem que não sabemos. Se há memória somos maiores de quatro anos e tudo o que até aí vivemos não existe. A seguir estamos na Escola, nos ensaios da vida. O que fazemos é um rascunho que nunca vale. Por isso o melhor da classe em desenho ficou merceeiro, a mais bonita cresceu sem jeito e o burro da turma fez-se doutor por extenso, homem sábio. Nunca nada é definitivo muito menos os juízos que sobre nós tecem os experientes. Era para nunca saber o que sei, para ficar sem livros, sem letras, sem nada porque a mestra disse que eu não dava, não queria, não aprendia. Depois passou-me o medo e aprender, aprendia e gostava e sabia. Ousar foi a etapa seguinte. Tudo o que não nos cabe se conquista. Tudo o que nos negam é para vir a ser nosso se quisermos. Querer é já poder. O último foi o que sempre esperou que lhe dessem.