Entre o céu e a terra - BVIW
O DESAPEGO das coisas é uma MUDANÇA radical, visto que, na história épica do ser humano, a luta sempre foi por conquistas. Quanto mais bens, mais poderoso é o indivíduo. O poder não baixa feito entidade em RODA espiritual, tampouco do ACASO. Ele vem do sangue colonizador, usurpador ou de uma relação de dependência. O que justifica a resistência de sair pelado, pelado, nu com a mão no bolso, sem lenço e sem documento. Uma verdadeira tortura para tamanho sacrifício voluntário dos desejos pessoais; a abnegação é um bordado ausente no tecido social. Ainda mais numa estrutura consumista, tendenciosa e descartável; tanto para as coisas quanto para as pessoas. E nesse grande tabuleiro as peças são orquestradas, tudo faz parte de um jogo, e nem sempre quem perde é o peão. Entre o céu e a terra há um LIMITE insuportável, é quase impossível abrir mão de uma coleção e dizer adeus a ideia de pertencimento. E, às vezes, ganhar um pedacinho do céu é igual a casa própria, não vai acontecer sem um pagamento. Decerto, que uma hora nada fará sentido, e você decidirá entre uma cruz de amora, bergamota, cerejeira, dente-de-leão, pau-brasil ou peroba. Também, não é para fazer voto de pobreza e viver na miséria; basta São Francisco de Assis!