O Sonho

Certa vez sonhei que estava dirigindo com perícia meu carro. Fazia altas manobras com uma segurança admirável. Nada seria tão sem sentido se naquela época do sonho eu não soubesse dirigir um auto. E ainda não tinha um carro pra ser chamado de meu. Era uma sensação maravilhosa! Dessas que a gente não esquece. Quando desse sonho, submetia-me à psicanálise. Para quem não sabe, o sonho é uma formação do inconsciente, como é o "ato falho" e o "chiste". O sonho tem um sentido próprio, jamais é desprovido de sentido e, se a pessoa estiver sob análise terapêutica, é possível encontrar o seu sentido. Sorte a minha ter sonhado esse sonho bom num período terapêutico, porque pude compreender o recado que meu inconsciente me mandava. Só não posso lhes contar, porque é particular, de "foro íntimo". Eu não podia imaginar que anos depois eu viajaria bastante pelas estradas que ligam meu domicílio ao meu trabalho. E como gosto de dirigir! Nessa época do ano, os pastos com suas árvores estão maravilhosamente verdes e brilhantes! Estão lavados da chuva, por isso brilham. Eu descanso os olhos na paisagem esmeralda. Isso cura minha alma! Meu espírito viajeiro não se cansa de agradecer. Hoje, na ida para o trabalho, fui presenteada com duas borboletas: uma azul e outra amarela. Elas passaram na minha frente e largaram atrás de si um vôo colorido e leve. Mas na volta, meu coração ficou apertado! Um passarinho calculou mal seu trajeto e bateu no para-brisas. Foi fatal para ele. Meu coração doeu. Fiquei pensando que se não tivesse corrido numa ultrapassagem lá atrás, não teria cruzado com o passarinho e ele estaria vivo agora. Claro que é uma conjectura improvável... culpa, é isso! Eu sou meio São Francisco. Gosto dos animais. - Santinho, receba o passarinho no céu dos bichos!

Cassia Caryne
Enviado por Cassia Caryne em 14/01/2020
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