Queridos Poetas!

De todas as artes a que mais se aproxima da perfeição é a música, pois ela está entranhada em todas as outras. Infelizmente não toco nenhum instrumento nem tão pouco canto qualquer canção.

Porém, a arte da escrita é mesmo uma faca de dois gumes. Ora você está de um lado, ora você padece do outro. Sempre tem alguém espionando, por isso muitos escritores deixam a maioria de suas obras sem publicar, com isso, quem perde são aqueles que curtem uma leitura acompanhada de uma bela música.

Existem os críticos de plantão, aqueles que criticam por criticarem. Na maioria são falácias sem fundamento teórico e sem a preocupação com a arte. Mas isto também é importante, não podemos intimidar quem quer que seja. Cada um diz o que pensa que sabe.

Ainda pequeno me encantei com a poesia de Augusto dos Anjos. Seus poemas me tocam profundamente. Quando os leio, tento arrancar deles tudo que ele quis nos passar. Não raro, deparo-me com belas rimas, incríveis metáforas, versos maravilhosos que haviam passado despercebidos.

Com a Internet milhares de poetas resolveram mostrar seus trabalhos, embora ainda tímidos fazem um barulho danado. Este novo mundo proporcionou uma aproximação mais forte entre o autor e o leitor. Hoje é possível trocar e-mails sem a menor dificuldade, essa troca cria um vínculo importante entre os dois. A resposta é imediata, às vezes bastam alguns segundos. O mundo virtual é o mundo de John Lennon, ele já cantava: “Não é loucura nem sonho/Além de mim há mais alguém/Se junte a quem pensa assim também/Que esse mundo vai ser um só”.

Quando gosto de um texto, o leio inúmeras vezes. Sempre acho que esqueci alguma coisa, que deixei para trás algo importante. Procuro saber quem é o autor, o que ele faz ou fez, onde nasceu, como vive ou viveu. Tento descobrir quais são os seus segredos na intenção de tirar dele tudo o que for possível. Só assim monto o quebra-cabeça que o texto e o autor oferece. Esta é uma tarefa gratificante, muitas vezes o poeta deixa nas entrelinhas partes de sua alma, isto nos leva a armadilhas maravilhosas. Quando descobrimos essas malandragens é que o vemos nu. Isto é deslumbrante!

Esta gana de procurar no texto o que ele tem de mais bonito, me faz gritar para o poeta: viva a poesia!!! Não consigo me conter. Quando digo isto, estou dizendo para ele e para o meu Eu menino: VIVA, viva! Vivas para a vida, VOCÊ pode! É isto que a poesia nos diz a cada verso. É essa grandiosidade que as rimas nos oferecem em tão poucas palavras. Não foi por acaso que Platão deixou de convidar os poetas para o seu banquete. Ele sabia que os versos são mais poderosos do que o que eles apresentam ao pé da letra. Ele conhecia as metáforas, embora ensinasse matemática e astronomia.

Como já disse: não canto, não assovio, nem toco flauta, mas prometo continuar gritando, mesmo que desafinado: viva a poesia! Se um dia eu ficar mudo, saibam que gritei o quanto pude.

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 07/10/2007
Reeditado em 04/10/2017
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