PARADIGMA !
PARADIGMA !
Eu não me dou por rogado, não ando em caminho errado, não entro em barco furado, não sonho além da razão, não compro lebre por gato, não posso negar o fato, não tolero desacato, me faz mal ao coração! Não fecho com a injustiça, quase nunca vou à missa, às vezes curto preguiça, mas não é o tempo inteiro, não levo a vida na flauta, a grana sempre faz falta, e por isso tenho em pauta, o lema do escoteiro!
Respeito as minhas raízes, não tenho de nervos, crises, curto momentos felizes e respeito a natureza, mas no entanto eu lamento, nem por isso estou isento, de assim à qualquer momento curtir saudade e tristeza! Esse meu jeito de ser assim meio desligado talvez seja pra esconder um segredo bem guardado que se reflete nos meus olhos ou que se expele em meu suor, algo tão incompreensível por um motivo maior com o qual eu não atino
Artimanhas do destino muito além do meu alcance que arranha a minha chance pois as arestas do romance são feito espinhos de aço, não existe outra razão! E por isso me protejo quando procuro e não acho, quando eu insisto e não vejo a sola dos meus sapatos pisando as pedras do chão!
Ser imprevisível é minha única previsibilidade, posso fazer alarido, posso quedar-me em silêncio, posso me fazer presente, posso desaparecer e brincar de me esconder, no lado escuro da rua, atrás do poste da lua, ou no voo do beija flor! Posso ser brisa, ou borrasca, ser a essência, ou a casca, ser sentimento, ou razão! Ser um cético sonhador um poético pensador, um anjo ou pecador, de ilusões, um pescador voraz e observador, desse mundo ao meu redor!
E lá no fio da escada ou no topo da espada, passa boi passa boiada, nuvem, estrela, cometa, e a fusão dos gametas determina a existência tão previsível dos seres, que se revelam imprevisíveis! Há mais coisas entre o tudo e o nada, do que ousa imaginar o lirismo de uma poesia, e os lábios molhados das ondas continuam a beijar a areia da praia!
Ninguém voltou do passeio ao outro lado da lua além do desconhecido pra dizer se lá existe um lindo jardim florido em que as rosas não espetam pois de espinhos são nuas! Ninguém voltou pra dizer quem é que abre as torneiras de lágrimas lá do céu, quem é que acende as estrelas, ou se o filme tem reprise, se existe um pote de ouro lá no final do arco íris!
Ninguém voltou pra contar se lá também há luar se a vista é de encantar se tudo enfim é deslumbre, se de algodão são as nuvens! A passagem é só de ida não tem bilhete de volta, e um dia com certeza a gente embarca e confere! Entre no clima do jogo não perca o pique da bola tire a panela do fogo e os grilos da cartola, tire o sapato apertado, corrija a rota, o rumo, tire o vidro do telhado, ande na linha, no prumo! Tire essa mágoa do peito é preciso acreditar, que pra tudo existe jeito tire a tristeza do olhar, se da solidão, o manto, lhe servir feito uma luva, não tente conter o pranto, tire o cavalo da chuva!
Tire o extrato da conta, tire o carro da garagem, se acaso souber, me conta, se a vida é uma viagem! No contexto atual respeite o faixa preta, no paradigma universal cuidado com o tarja preta, se o duelo é virtual registre na caixa preta, jogue o entulho autoritário, e o lixo espacial, no aterro sanitário ao sul de qualquer local!
Se o verso é esquisito de mal gosto ou coisa assim, não crie nenhum conflito, pois um coração aflito não é igual ovo frito, ouça o silêncio do grito no canto de um querubim! Isso aqui não é poema, a vida não é cinema, novela, nem folhetim, e eu finjo ser poeta, porém uma coisa é certa, só me livro das palavras que não desgrudam de mim!.
AC de Paula poeta e dramaturgo