Os “farofeiros”
Gosto da autenticidade dos "farofeiros". Despregados de qualquer convenção social, constroem em torno de si e de sua comunidade um verdadeiro quartel de convivência singular.
Barulhentos, anti-higiênicos, seja lá o que for, ao chegarem à praia com suas provisões: apetrechos logísticos (redes, panelas, churrasqueiras, carnes, sal e som); filharada "caneluda e remelenta" e a indispensável garrifinha do "celular"... quanta felicidade!
Isso é que importa.
- "Farofeiro" à vista!
Quase sempre fugimos. Eles nos incomodam. Tenho impressão de que incomoda mesmo é o nosso papel profissional e status social. Lá, bem escondidinhas, na medula do inconsciente existem em cada amante da etiqueta, com certeza, conexões desejosas em lambuzar a alma de farofa.
Concluo esta apologia citando Osman Lins, em Problemas Brasileiros, que diz assim: "Só existem, no Brasil, duas coisas verdadeiramente democráticas: a praia e a literatura. Estão sempre abertas a quem chega e ninguém paga entrada".
A praia, infelizmente, não é mais. Alguns prefeitos começam a enxotar banhistas pobres (os "farofeiros" que levam frango assado para comer com areia). Mas a literatura continua sem prefeito, se bem que não falte quem se apresente para delegado.