SOLIDARIEDADE

Domingo passado, viajei com um amigo para uma cidade localizada na

região nordeste do interior do estado de Minas Gerais. Saímos logo cedo,

ainda estava escuro e fazia um pouco de frio. Viajamos devagar, sem

pressa, já que o motivo da viagem era um passeio apenas, íamos para

uma exposição de gados, essa festa gostosa que acontece na maioria

das cidades onde existe uma pecuária mais consistente. Meu amigo me

falava sobre as manchetes do jornal daquele dia, que ele tinha comprado

no dia anterior (hoje em dia, parece que os editores adivinham o que vai acontecer), e como não poderia deixar de ser, os assuntos principais

eram sobre a violência, daqui e lá de fora. Especulamos sobre as cousas

dessa violência, a hipocrisia, a falta de amor e solidariedade, o radicalismo

religioso, e principalmente da inércia de todos nós, que não fazemos absolutamente nada, além de reclamar, para mudarmos essa

situação. Estávamos passando por uma região muito bonita,

muito verde e muito gado e nenhuma residência a vista. Cruzamos com

alguns “bóias frias” pelo caminho e chamou-nos atenção a distancia que

eles percorriam a pé, entre suas casas e o local de trabalho. Já fazia um

bom tempo sem que tivéssemos visto algum sinal de alguma comunidade

e a próxima cidade ficava há uns 20 km, segundo as placas de sinalização, portanto, era muita estrada para aquele pessoal caminhar. Minutos mais

tarde avistamos uma senhora com uma criança no colo e mais duas ao seu lado, cada uma com uma trouxa na cabeça. A mais velha não deveria ter mais que uns 6 anos de idade e quase que ao mesmo temos, falamos um

para o outro: - vamos parar para dar uma carona. E assim fizemos, encostamos o carro uns 10 metros a frente e aguardamos elas se

aproximarem, mas qual não foi a nossa surpresa, quando a mulher gritando,

empurrou as meninas para o meio do mato e saiu correndo em direção

contrária a nossa, indo ao encontro de 3 homens que seguiam mais

atrás, gritando e gesticulando na nossa direção, a mulher

parecia enlouquecida. De repente os 3 homens abaixaram-se e

pegaram uma pedras, vindo em seguida em nossa direção. É lógico

que não esperamos para ver a intenção dos mesmos, mas ficou a impressão

que solidariedade é coisa difícil de prestar hoje em dia,principalmente porque desconhecida (porque nunca receberam), pela maioria das pessoas que mais precisam dela.

Jose Carlos Cavalcante
Enviado por Jose Carlos Cavalcante em 17/03/2005
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