FÉ, A GRANDE MOLA DA EXISTÊNCIA.

A FÉ NÃO PRECISA DA IGREJA, A IGREJA PRECISA DA FÉ.

O amor é a força que impulsiona e move toda a natureza, ele é inicio meio e fim da caminhada do Cristo, ponto central irradiador de sua mensagem. Só por esse movimento, pelo gesto de amor, se dá o entendimento e a compreensão do que somos.

Esta a chave do segredo do encontro de Deus no desencontro em que vive a humanidade, inclusive na dúvida de Deus, repelida a procura. Somente por eleição desse caminho podemos chegar a Deus e à fonte maior que é o nosso interior, abrigo de Deus, de seu filho Jesus e de sua graça alimentada pelo espírito, o Espírito Santo, mesmo que cofre de difícil acesso, lacrado pela e para a eternidade. A chave é a fé e razoável compreensão dos fenômenos que cercam o existir. E o que é o amor além dessa força central, matriz de tudo que se manifesta positivamente? O amor, Deus, é a primeira origem. Criado à sua imagem e semelhança, o homem, primeira criatura, movimenta por esta força e é por ela movimentado e tudo movimenta e muda, explica a própria filosofia que estuda o hipoteticamente desconhecido e o inexatamente conhecido. Philos (amor, amizade em grego) Sophia (sabedoria em grego), amor à sabedoria, é hábil veículo para desvendar parte desse véu.

Pela filosofia sabemos que um homem adulto é forma do que foi criança, que é forma do que foi recém nascido, que é forma do que foi feto, que é forma da combinação de um óvulo fecundado pelo espermatozoide, dois gametas, e assim sucessivamente se estabelecendo a cadeia causal na digressão indefinida até a primeira forma, ao primeiro movimento, logo que não há efeito sem causa anterior sendo a causa primeira sua fonte, Deus.

Em toda essa corrente causal de movimento, cadeia de elos visíveis, que passa pelos sentidos do homem, pela razão, pela inteligência, onde não se encontra na passagem do Cristo, o amor? Esta foi e é a causa de tudo, é a forma da Primeira Origem e do Primeiro Movimento, o “Actus Purus”, Deus, o “primum mobile immotum” na visão aristotélica. Esta é a força central de toda sua jornada plural e particular, singular e comum em todos seus atos e exemplos. Toda sua mensagem, toda sua retórica verbal, toda sua doação pessoal se dirige ao amor ao próximo; toda sua resignação ao entregar-se ao sacrifício e ao martírio como filho de Deus se deveu ao amor ao próximo. Nessa sintonia de serem uma e a mesma coisa a morte e a vida, fosse a vida só essa terrena passagem, efêmera e transitória, não passaria de uma piada, posto que pequena, irrazoável, tola, um ser e existir em preto e branco, descolorido, sem arte ou enfeites, com felicidades que sempre se terminam na dor e no sofrimento. Alegria que tem no fim a tristeza não é alegria. Muitas mentes aguçadas elegem tais conceitos como claros e intransponíveis. Shopenhauer, filósofo alemão, afirma: “As alegrias da vida são como esmolas colocadas no prato do mendigo. Com elas consegue sobreviver para continuar na miséria”. Essa visão pessimista é dura e cruel, mas não é hipócrita. Não poderia a grandiosidade da vida de uma pessoa reduzir-se somente a esmolas passageiras de alegria, afastada de uma alegria eloquente e consoladora das aflições terrenas, assim sendo realmente seria nada mais do que miséria espiritual. Podemos colocar na dicção do Padre Ratzinger, hoje Papa Emérito, Bento XVI, essa capilaridade dos dois estados, vida e morte, pois , no seu entendimento “o invisível é mais real do que o visível, porque nosso coração não foi feito para o invisível”.

As coisas palpáveis são ilusões. Depois da perda de um ente querido, de sua morte, compreende-se que a vida é uma ilusão que mata. Portanto, são dois estados de um mesmo acontecimento, elos de uma mesma corrente. E todos somos iguais, os pobres materialmente, espiritualmente, seja qual for a abordagem cultural de conceituação.

Mas vale a advertência para quem se julga melhor que seu semelhante ou aspira ser. Se somos todos desiguais em genoma (DNA), digital e traço de escrita, somos inteiramente iguais como pessoas. Deus é um ser de procura, Deus não permite ser encontrado, achado, com as pegadas da inação nem com as armas dos inermes, desarmados em querer. Ele nos deu vontade, capacidade para escolher. Assim como um filho consagra, avalia e segue as qualidades de um pai, Deus pretende que todos encontrem a qualidade que nos foi ensinada para ser seguida. O ensinamento não envolve adesão e consenso pelo puro conhecimento do mesmo, requer vontade e direcionamento no leito da liberdade de escolha. Como qualquer exercício da razão, é preciso trabalho para encontrar a Deus, principalmente se o homem que o procura tem recursos maiores do pensamento.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 09/01/2020
Código do texto: T6837763
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