Por quê os intelectuais odeiam o Capitalismo?

O Instituto Mises (https://www.mises.org.br) publicou em 11.01.2018 um artigo interessante, onde é citado outro artigo, de Bertrand de Jouvenel que explica a aversão dos intelectuais ao Capitalismo.

O autor cita três razões básicas para esse “fenômeno”:

- desconhecimento - “Intelectuais normalmente são egocêntricos e tendem a se dar muita importância; eles genuinamente creem que são estudiosos profundos dos assuntos sociais. Porém, a maioria é profundamente ignorante em relação a tudo o que diz respeito à ciência econômica.”.

Os intelectuais se recusam a aceitar as relações econômicas como sendo basicamente uma relação social, onde as pessoas tentam satisfazer suas necessidades.

As necessidades são inerentes ao ser humano e a busca por sua satisfação é um dos motivadores de nossa existência.

Para que isso aconteça se estabeleceu um sistema de trocas entre os indivíduos, porque dependemos uns dos outros para a satisfação dessas necessidades. Isso é natural e não tem nada de errado. Errado são as distorções que ocorrem na Economia como podem ocorrer em qualquer relação humana.

- soberba - “O intelectual genuinamente acredita que é mais culto e que sabe muito mais do que o resto de seus concidadãos, seja porque fez vários cursos universitários ou porque se vê como uma pessoa refinada que leu muitos livros ou porque participa de muitas conferências ou porque já recebeu alguns prêmios. Em suma, ele se crê uma pessoa mais inteligente e muito mais preparada do que o restante da humanidade. Por agirem assim, tendem a cair no pecado fatal da arrogância ou da soberba com muita facilidade.”.

Uma das premissas levantadas por Friedrich Engels para implantação do Socialismo é que a luta de classes deveria ser conduzida por intelectuais, que eram as pessoas que tinham o conhecimento para tal tarefa, o qual não estava ao alcance dos rudes proletários.

Esse princípio permaneceu até os dias atuais e talvez justifiquem em parte a importância que os intelectuais dão a si próprios como “condutores da Humanidade rumo a redenção”.

- ressentimento e inveja - “O intelectual é geralmente uma pessoa profundamente ressentida. O intelectual se encontra em uma situação de mercado muito incômoda: na maior parte das circunstâncias, ele percebe que o valor de mercado que ele gera ao processo produtivo da economia é bastante pequeno.

Apenas pense nisso: você estudou durante vários anos, passou vários maus bocados, teve de fazer o grande sacrifício de emigrar para Paris, passou boa parte da sua vida pintando quadros aos quais poucas pessoas dão valor e ainda menos pessoas se dispõem a comprá-los. Você se torna um ressentido. Há algo de muito podre na sociedade capitalista quando as pessoas não valorizam como deve os seus esforços, os seus belos quadros, os seus profundos poemas, os seus refinados artigos e seus geniais romances.”. “O mundo dos negócios é, para o intelectual, um mundo de valores falsos.”.

A situação fica ainda pior para o intelectual se ele olhar em sua volta e pensar que a mesa, a cadeira, o copo e quase tudo à sua volta foi produzido pelas mãos de pessoas que talvez não tenham lido nem um livro em toda sua vida.

Se ele olhar pela janela vai ver as ruas limpas graças aos pobres coletores de lixo e garis, que se ficarem uma semana sem trabalhar as cidades viram um caos, enquanto ele se resolver passar um ano descansando numa praia, quase ninguém vai notar sua falta.

Para compensar isso, o intelectual tem que criar um mundo particular onde ele tem explicações detalhadas para tudo (mas que só ele entende) e onde o dinheiro não entra, desde que ele esteja com a barriguinha cheia e tenha um bom vinho à mesa.

Argonio de Alexandria
Enviado por Argonio de Alexandria em 09/01/2020
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