Encantos à parte, se Clarice não fosse temperamental a humanidade seria refém de um esteriótipo convencional de amor romântico e só. Não que ela fosse o último biscoito de polvilho do pacote, mas entre a sutileza e esperteza literária tão peculiar, preferia essa, saliente em seus escritos até a última gota. Para aqueles que tem magia nos dedos a natureza é um monumento exótico, embora cantem os pássaros na maioria das janelas e as flores falem (em linguagem estética) nos jardins da cidade enquanto a vida passa, aliás, os passos acelerados de quem corre atrás do prejuízo deixam pegadas sem identidade nas ruas da cidade. E por falar em cantos, os quatro do mundo conflitam numa incoerênca milenar PRO Vida, já sinto o cheiro da fumaça que transcende a questão física e os quilômetros de distânia para tratar dos que sobraram, entre cangurus e coalas, a fauna dá o seu último suspiro, morte súbita. Não bastasse isso, acordaram o gigante adormecido num cálculo algébrico de Trump com impacto negativo que recebeu de volta um tapa na cara: Lei de Talião também aceita pouso de guerra. Cortei os impusos do coração por um segundo e fitei o olhar na janela, avistando uma rocha e entre os sulcos, uma flor. Lembrei da música que embalou minhas dores e segui cantando sem chuva, sem dança, mas jamais sem esperança... "Hoje eu quero a rua cheia de sorrisos francos/ De rostos serenos, de palavras soltas/ Eu quero a rua toda parecendo louca/Com gente gritando e se abraçando ao sol"... E quem precisa de chuva?


* Clarice- lê-se Clarice Lispector
* Trecho canção Sem Mandamento de Oswaldo Montenegro
Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 08/01/2020
Reeditado em 08/01/2020
Código do texto: T6837105
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