O TOCAR DOS SINOS

O sino badalava. Dezoito horas. Andorinhas festejavam em frente a igrejinha e Lola tristemente as olhava.

Quantos anos ali naquela cidade e não se acostumara! Sentia saudades da cidade de onde viera. Sentia saudades do vilarejo onde fora criada. Saudades de um tempo perdido.

...

E saudades de Mário.

Ele se fora há mais de três anos. O que fazia ainda ali se somente se mudara para agradá-lo?

Mário e seus pássaros exóticos, Mário e seus pincéis e tintas, Mário, o amor de sua vida.

...

Lembrava-se dele dizendo: Lola, quando eu passar dessa para melhor volte à sua cidade querida. Não precisa mais ficar aqui.

Ele fora enterrado ali e ela não queria se afastar de Mário. Mas ele já fora.

Filhos não tiveram e os amigos se afastaram depois que enviuvara. Seriam apenas amigos de Mário? Ou nem eram amigos?

Será que se afastaram por que perdera a alegria? Porque estava sempre cismando, sempre quieta.

Reclamar era pior e então ia levando a vida.

...

Que doença terrível atingira seu amado! Ele que era tão forte fora reduzido a um trapo humano. Um câncer agressivo que o levara em dois tempos.

E ela ficara a ouvir os sinos... sem coragem para retomar sua vida. Sem coragem para voltar à terra amada.

SONIA DELSIN
Enviado por SONIA DELSIN em 08/01/2020
Código do texto: T6837024
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