Dever de todos
Nossa fala mais do que nunca precisa está atrelada a nossas atitudes. Defender a Educação, acreditar nela, reconhecer seu valor é imprescindível, mas não se mover para melhorá-la, para ajudar em seu aperfeiçoamento, é uma verdadeira contradição. É em demasia real quando dissemos que o ano letivo acabou e nem conversamos (nem sabemos quem é) com a família de João ou da Mariazinha. Os pais precisam entender que sua presença na escola é INDISPENSÁVEL. Que trocarmos uma ideia, um conselho, estarmos próximos, atuarmos juntos é indispensável para o crescimento e desenvolvimento social e cognitivo de seus filhos. Infelizmente, muitos pais só vêm à escola quando chamados pela direção ou por questões comportamentais e afins em relação à conduta dos seus, ou por causa das reuniões ou plantões pedagógicos, sendo que este último acontece, no máximo, quatro vezes ao ano – no final de cada unidade – e muitos ainda ficam ausentes.
Acredito que essa situação seja muito grave. Cada vez mais as famílias dos estudantes se distanciam do ambiente escolar, jogam, se não todas, mas a maioria das responsabilidades na escola, no professor: aprender a lidar com os outros – a escola ensina; aprender conceitos como respeito, empatia, generosidade – a escola ensina; aprender a trançar um cadarço ou dar um laço – a escola ensina; aprender as primeiras orações/rezas – a escola ensina; aprender a andar em filas, ser organizado – a escola ensina; ser honesto e cidadão – a escola ensina; usar o talher adequadamente – a escola ensina; cumprir horários, ser responsável – a escola ensina... Percebem que a lista não para por aqui, certo? E isto tudo atrelado aos conteúdos programáticos do ano todo.
E, finalmente, depois de termos ensinado tudo isso e mais um pouco, se algo no meio do caminho der errado, não sair como o esperado, somos tachados irresponsáveis, incompetentes, profissionais preguiçosos... Esquecem que educação é um trabalho de todos, é dever do estado, mas também da família, da comunidade... Mas cadê a família quando precisamos, quando chamamos à escola, quando convidamos ao Plantão pedagógico e não comparecem? Muitos de nós ligamos para os pais para que venham à escola, quando a situação já está fora do nosso controle, situações extremas – quando um simples comunicado não resolve ou por não ser entregue, ou ser adulterado por seus filhos com receio da bronca que acertadamente levarão ou por priorizarem o trabalho e deixar que a escola resolva sozinha. Dia após dia vivemos nessa luta diária, querendo mais que nunca a presença e o apoio da família e ela cada vez mais se afastando da escola, dos problemas, das responsabilidades. Depois não reconhecem onde nem quando erraram. E, como se não bastasse, no final de tudo, a culpa é do professor.
Ipojuca-PE, janeiro de 2020.
Nossa fala mais do que nunca precisa está atrelada a nossas atitudes. Defender a Educação, acreditar nela, reconhecer seu valor é imprescindível, mas não se mover para melhorá-la, para ajudar em seu aperfeiçoamento, é uma verdadeira contradição. É em demasia real quando dissemos que o ano letivo acabou e nem conversamos (nem sabemos quem é) com a família de João ou da Mariazinha. Os pais precisam entender que sua presença na escola é INDISPENSÁVEL. Que trocarmos uma ideia, um conselho, estarmos próximos, atuarmos juntos é indispensável para o crescimento e desenvolvimento social e cognitivo de seus filhos. Infelizmente, muitos pais só vêm à escola quando chamados pela direção ou por questões comportamentais e afins em relação à conduta dos seus, ou por causa das reuniões ou plantões pedagógicos, sendo que este último acontece, no máximo, quatro vezes ao ano – no final de cada unidade – e muitos ainda ficam ausentes.
Acredito que essa situação seja muito grave. Cada vez mais as famílias dos estudantes se distanciam do ambiente escolar, jogam, se não todas, mas a maioria das responsabilidades na escola, no professor: aprender a lidar com os outros – a escola ensina; aprender conceitos como respeito, empatia, generosidade – a escola ensina; aprender a trançar um cadarço ou dar um laço – a escola ensina; aprender as primeiras orações/rezas – a escola ensina; aprender a andar em filas, ser organizado – a escola ensina; ser honesto e cidadão – a escola ensina; usar o talher adequadamente – a escola ensina; cumprir horários, ser responsável – a escola ensina... Percebem que a lista não para por aqui, certo? E isto tudo atrelado aos conteúdos programáticos do ano todo.
E, finalmente, depois de termos ensinado tudo isso e mais um pouco, se algo no meio do caminho der errado, não sair como o esperado, somos tachados irresponsáveis, incompetentes, profissionais preguiçosos... Esquecem que educação é um trabalho de todos, é dever do estado, mas também da família, da comunidade... Mas cadê a família quando precisamos, quando chamamos à escola, quando convidamos ao Plantão pedagógico e não comparecem? Muitos de nós ligamos para os pais para que venham à escola, quando a situação já está fora do nosso controle, situações extremas – quando um simples comunicado não resolve ou por não ser entregue, ou ser adulterado por seus filhos com receio da bronca que acertadamente levarão ou por priorizarem o trabalho e deixar que a escola resolva sozinha. Dia após dia vivemos nessa luta diária, querendo mais que nunca a presença e o apoio da família e ela cada vez mais se afastando da escola, dos problemas, das responsabilidades. Depois não reconhecem onde nem quando erraram. E, como se não bastasse, no final de tudo, a culpa é do professor.
Ipojuca-PE, janeiro de 2020.