Palácio do Jabuti

Tenho um jabuti em casa, que fica num cercado de tijolos que construí no jardim. Me diverti construindo sua casinha, e me empolguei a ponto de confeccionar uma fortaleza para o bicho. Os muros da residência oficial do jabuti contam com mais de oitenta centímetros. Chega a ser engraçado vê-lo caminhar pelo cercado, olhando os tijolos, como que em busca de uma saída. Vira e mexe, o jabuti está lá de barriga virada para cima. Ele fica escalando os tijolos, e acaba tombando. Pacientemente, temos que o virar de volta.

Acho os jabutis impressionantes. O de casa deve ter uns vinte anos. Não sei ao certo a idade, pois já o peguei grande. Entro em debates violentos para defende-lo. “Bicho sem graça”, argumentam muitos. “Bicho burro”, insiste minha mãe.

Eu o acho impressionante. Capaz de viver muitos anos, de ficar muito tempo sem comer, não fala, não grita, não corre. Deus esculpiu a paciência na forma de um jabuti. Ao mesmo tempo, ele pode ser assustador, causando aflições em adultos e fazendo crianças correrem de medo. No fundo, ele merece mesmo um palácio. Meus parabéns ao Jabuti, sublime jabuti.