TODA CRUELDADE RESULTA DE FRAQUEZA?
Assim como em um filme, em um dia de chuva, no cemitério “Aqui somos todos iguais” um sacerdote de maneira emotiva, alenta a mente e o coração dos fiéis, parentes e amigos. Pois não sem razão se faz presente ali os restos mortais de alguém que já fora muito querido, mas que, ao que tudo indica, não soubera o verdadeiro sentido da palavra “viver”. Em dado momento aquele pastor profere “aqui é o início de uma nova vida a esse irmão que em ocasião de angústia cometeu uma atrocidade, por acreditar ter feito a coisa certa”. Nesse contexto narrado é possível a percepção de que o finado esteve próximo de quem amava e dos que o amavam. Contudo ele deixara de ouvir a voz suave da benevolência para ouvir a voz incisiva da perversidade humana. De modo que nesse viés, o filósofo e magistrado do antigo Império Romano, Sêneca, nos traz que “toda crueldade resulta de fraqueza”. Será?
Bem, o homem vive de pão, mas também experimenta a crença, proclama a palavra e a declina em ação! Alguns acreditam que são donos de si; outros se firmam na sua impetuosidade. Igualmente há quem acredite em forças superiores. Muitos professam a fé espiritual em Deus como filosofia e pauta de vida. Todavia o estado de espírito, a conjuntura emocional do ser humano se vale de momentos e situações. Então há que se valer que a emoção forma o pensamento, assim também como o pensamento produz a emoção. Por conseguinte poderíamos dizer que em cada estágio ouvimos vozes interiores que nos impulsionam ou nos limitam a fazer ou deixar de fazer algo. À vista disso há que se compreender que assim como nos alimentamos para fortalecer a nossa saúde, também inegavelmente nutrimos nossa mente, nosso espírito, que inspiram nossas decisões e ações. Então qual é a voz interior que ouvimos para sustentar nossos atos: o clamor atroz ou o vozear benévolo? O sensato ou o abominável?
Na verdade todas essas vozes gritam dentro de nós, às vezes, de forma avassaladora. E cabe a cada um conforme sua crença, princípios e racionalidade, adotar a decisão que melhor lhe compete perante a si e à sociedade. É incontestável, quer seja interiormente ou pelas vozes dos que nos são caros, que ouviremos todos os tipos de opiniões, de conselhos e de tentativas de auxílios para que possamos nos direcionar. Escutaremos ainda expressões doces e também amargas ideias. “O verdadeiro pastor tem duas vozes: uma para chamar as ovelhas e outra para espantar os lobos devoradores” nos menciona o sacerdote francês do século XVI, João Calvino. Porém refletir e sopesar a nós é imperativo! E isso solitariamente nos constitui o que cabe neste meio social que se faz em pensamentos e sugestões de como viver, de como agir e de como se estabelecer perante a existência.