Então, eu me desnudo
Eu nunca pensei em dizer verdades. Também não me considero um exemplo de coragem. Não. Às vezes eu me sinto é perdida. Falo comigo mesma, alto. Numa interação com meus pensamentos.
— Teresa, você precisa ser mais autêntica! — digo a mim mesma.
Como se em meu âmago existisse uma pessoa triste. Que posso fazer se à noite choro baixinho? Em oração, tomo meus desejos e os digo ao Senhor. Curo meu vazio.
Talvez eu seja duas. Deve existir uma pessoa desconhecida em mim. Ela deve ter uma ansiedade de viver. Ou de não ter vivido. Quando cogito nisso fico parada olhando o nada. Quieta, sem pensamentos. É algo que sempre tive, e tem me acompanhado em todas as idades. E olha que são muitas: somam 58 anos.
Não há como me concentrar em ser uma pessoa só. Quem mora em mim gosta da penumbra, de nostalgia; relembra os momentos de dor, sente saudade... muita saudade...
Então, de repente, uma porta se abre em minhas ideias (ou nas fantasias) e me vejo com um coração limpo de mágoas; o que passou, passou...
Os dois pedaços de mim ficam grudados em alguma coisa boa; explodindo de cheiros, de sabores, de emoções...
E me vejo eu.
Uma criatura que ri e chora (com facilidade). Uma pessoa que vê mudanças na vida. um alguém que se apaixona...
— Oba! Começou o inverno!