RESPOSTA A UM COMENTÁRIO DE BERNARD GONTIER.

Boa noite, Celso, texto impecável e vigoroso, como sempre, ouso fazer um ligeiro aparte: Segundo Congresso Continental, Filadélfia, 1776, onde foi dito: Sustentamos essas verdades como auto evidentes - que todos os homens nascem iguais. Pode parecer estranho, mas foi a primeira vez na historia que alguém se importou em escrever isso. Com relação a ideologias, você disse tudo e mais um pouco. Me pergunto quando isso terá fim. Metade da população mundial vive com menos de dois dólares por dia, 130 milhões nunca entrarão numa escola, ingredientes para bombas podem ser adquiridos com espantosa facilidade. Pra sorte dos que ainda respiram pelo nariz acima do curso d'água ainda é pouco conhecida a história de FishHooks Mc Carthy, político corrupto do Lower East Side, nos anos 20. Toda manhã ele parava na igreja de S. James, na rua Oliver e fazia a mesma oração: Senhor, dê-me saúde e força, nós roubaremos o resto. Infelizmente, ainda, essa é a ideologia preponderante não só no BR como noutros cantos do globo. Abraço e bom fim de semana. Bernard Gontier.

Comentário de um dos mais argutos recantistas , sem demérito aos que trocam interlocução comigo.

Indaga quando cessará a desigualdade e a corrupção. E responde com a primeira aclamação da igualdade que desiguala.

“Segundo Congresso Continental, Filadélfia, 1776, onde foi dito: Sustentamos essas verdades como auto evidentes - que todos os homens nascem iguais. Pode parecer estranho, mas foi a primeira vez na historia que alguém se importou em escrever isso.”

Sim e fundamental, todos nascem iguais como pessoas, mas as diferenças de potencialidades desigualarão. São como as cotas que desafiam a igualdade constitucional no Brasil, “todos são iguais perante a lei”; norma constitucional, “independente de cor, raça, credo etc”, arremata em conteúdo. Não são iguais. São na sagrada concessão da vida, e só. Estão aí as cotas, inclusive racistas, pois quando se concede cota por cor, há distinção de certa forma discriminatória. As cotas devem buscar o estudante pobre com mérito, independente de cor, que inclusive está gerando fraudes. E os fatores que desigualam são muitos. Mas isso não impossibilita o que o homem não tem para dar, solidariedade que deveria distribuir onde há carências. Essa a grande e interminável barreira.

“Me pergunto quando isso terá fim. Metade da população mundial vive com menos de dois dólares por dia, 130 milhões nunca entrarão numa escola, ingredientes para bombas podem ser adquiridos com espantosa facilidade.” Não terá fim Bernard, você sabe, espiritualizado como é, conhecedor da humanidade.

O homem é torpe, egoísta, invejoso, conta a história sem equívocos. Quem teria condições de renovar a conduta do mundo em suas ideologias para um fim comum? De certa forma, sem querer acolher Nietzsche, quase capitulamos diante de suas verdades. Posicionar-se para recolher o melhor das ideias postas pela literatura do pensamento, é a saída para uma esperança maior. Seria. Difícil essa coleta para repositório comum. Interesses materiais , vaidades, gama de fatores negativos incontáveis não permitiriam, revela a história.

Transcrevo o filósofo citado no fim da crônica. É agônico, mas real.

Diz ele em “Genealogia da Moral” :Alguém quer olhar um pouco para baixo, até o fundo, para ver o segredo da fabricação dos IDEAIS NA TERRA? Quem tem coragem para tanto? Perfeito! Daqui se tem uma visão desimpedida dessa tenebrosa oficina. Espera um pouco mais, senhor petulante e temerário; é preciso que sua vista se habitue a essa visão falsa, mutante...Muito bem! Basta! Fale, agora! Que se passa lá embaixo? Diga o que vê homem de curiosidade extraordinariamente perigosa – agora é minha vez de escutar. Não vejo nada, nem ouço...De todos os cantos e recantos saiu um sussurro , um murmúrio prudente, soturno, abafado. TENHO A IMPRESSÃO QUE MENTEM.. Uma doçura, doçura como a do mel se ajunta a cada som. A fraqueza deve ser, A GOLPES DE MENTIRA, transformada em mérito, DISSO NÃO TENHO NENHUMA DÚVIDA – é exatamente o que o senhor diz. É irrespirável! Esta oficina de fabricação dos ideais, a meu ver, cheira muito a mentira."

Essa mentira é a verdade que impera.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 03/01/2020
Reeditado em 03/01/2020
Código do texto: T6833743
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