AS IDEOLOGIAS FRACASSARAM. QUALQUER UM PERCEBE.

RESTARAM AS LIBERDADES COMO O MELHOR NESSE MAR DE TEMPESTADES.

Qual “IDEIA” resolveu de forma pacífica e efetiva as necessidades do homem, todas que lhe trouxessem razoável dignidade?

NENHUMA! Persistem as dificuldades que de alguma forma comprometem a dignidade humana. Se não provisionam necessidades fundamentais pelas carências espalhadas no mundo, comprometem a honra e a generosidade com cometimento de crimes, principalmente pelos homens com representação pública, que desviam verbas com destinação para o bem estar coletivo e educação.

“A “Declaração dos Direitos Humanos do Homem e do Cidadão” foi aprovada pela Assembleia Nacional, em 26 de agosto de 1789. A discussão que levou à aprovação se processou em dois tempos. De primeiro a quatro de agosto discutiu-se se se devia proceder a uma declaração de direitos antes da emanação de uma Constituição.” In, “A Era dos Direitos”, Norberto Bobbio, fls. 99, apreciando “A Revolução Francesa e sua implantação.”

Vieram as Cartas Políticas, Constituições.

Como? Sob a adarga de que “seria útil se acompanhada de uma declaração de deveres”. Ajunta Bobbio.

E assim foi feito nos tempos. Definidos os deveres de Estado e as garantias e direitos individuais dos cidadãos.

E nesse giro, nessa roda histórica vieram as ideias a fomentarem esses deveres. Mas são ideias, e elas sempre navegam da subjetividade à possibilidade de realização.

Muito se disse e escreveu sobre esse epicentro que movimenta as sociedades.

Uma frutuosa e célebre cabeça, muito em voga sempre, irmana o bem e o mal, sic:

“Nietzsche em sua crítica livre, desconsiderando as conquistas dos valores morais maiores, tenta, repito, tenta desmistificar o bem diante da crua realidade humana. “Severidade, violência, perigo, guerra, são valores tão valiosos como bondade e paz”, e diz a razão que entende justificada: “Ganância, inveja, mesmo ódio são elementos indispensáveis no processo da luta, da seleção, da sobrevivência. O mal está para o bem como as variações para a hereditariedade, como a inovação e a experiência para os costumes; não há desenvolvimento sem uma quase criminosa violação de precedentes e da “ordem”. Se o mal não fosse bem o mal desapareceria.”

É uma bela equação da realidade posto que outra, plenamente, não foi ainda adotada e desenvolvida integralmente; a do exercício do bem absoluto. Nietzsche nada mais faz do que ser incisivo e realista de forma fundamentalista com o que ocorre. Isto, contudo, não transforma o mal em bem. Serão sempre antagônicos, antônimos um do outro, excludentes. O fato de existirem em um mesmo plano humano não os torna coincidentes nem mesmo passíveis de serem colocados sob um mesmo conceito por emanarem da vontade, ou seja, de uma mesma fonte. Assim entendo.

Mas, como tudo na vida, esta discutida cabeça tão na moda hoje, dispõe com absoluta verdade no que acolho e reconheço como verdade fundamental diante da história.

Diz ele em “Genealogia da Moral” :

Alguém quer olhar um pouco para baixo, até o fundo, para ver o segredo da fabricação dos IDEAIS NA TERRA? Quem tem coragem para tanto? Perfeito! Daqui se tem uma visão desimpedida dessa tenebrosa oficina. Espera um pouco mais, senhor petulante e temerário; é preciso que sua vista se habitue a essa visão falsa, mutante...Muito bem! Basta! Fale, agora! Que se passa lá embaixo? Diga o que vê homem de curiosidade extraordinariamente perigosa – agora é minha vez de escutar. Não vejo nada, nem ouço...De todos os cantos e recantos saiu um sussurro , um murmúrio prudente, soturno, abafado. TENHO A IMPRESSÃO QUE MENTEM.. Uma doçura, doçura como a do mel se ajunta a cada som. A fraqueza deve ser, A GOLPES DE MENTIRA, transformada em mérito, DISSO NÃO TENHO NENHUMA DÚVIDA – é exatamente o que o senhor diz.”

E quem pode contraditar? Só um beócio forrado na imbecilidade.

“São miseráveis, sem dúvida, todos esses rezadores, falsários em seu canto, embora se acotovelem uns contra os outros para se esquentar – mas dizem, sua miséria. Mas, basta! Basta! Não posso mais”. Ar irrespirável!

É irrespirável! Esta oficina de fabricação dos ideais, a meu ver, cheira muito a mentira."

Quem pode contestar?

Algumas cabeças solitárias compreendem. Algumas ideias sobrevivem, as que não esmagam, ao menos, as liberdades de escolher. As que não retiram o âmbito da vontade e o caminho de cada um, seja qual for. Sem algemas ou mordaças.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 03/01/2020
Código do texto: T6833492
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