AUTISMO EM VOGA

De repente surge vontade de escrever, e o pensamento encontra assunto do cotidiano o qual falei alhures, mas tocarei na mesma tecla, dada a relevância da altercação. Hoje em dia é muito comum falar sobre o autismo. Eu venho de uma época, em que não se fazia diagnóstico. Na minha infância cheguei a ser expulso do colégio, por causa da hiperatividade. Ainda na primeira série, fechei bruscamente a porta da sala no dedo da coleguinha. Nas atividades recreativas, sentia estafa de tanto brincar. Durante a aula era o primeiro a acabar a atividade. Mas era o mais infantil. Essa espécie de transtorno situa-se dentro do espectro autista. O meu caso antigamente chamava-se “Asperger”. E a confusão que a sociedade faz de ti, geralmente está relacionada com a aceitação. O próprio autista não conhece as soluções dadas pelos especialistas ao seu problema. Até por não conseguir entender, coisas mais complexas. Isto não significa que o autista seja bobo. Desde e sempre, deparo com situações em que penso que minha capacidade cognitiva está sendo colocada em xeque. O autista é muito bom para algumas coisas, mas tem muita dificuldade com outras. E uma capacidade comum a todas classificações de autistas é imaginar fertilmente o que interlocutor pensa a respeito dele. Então, o autista pode ter bastante dificuldade para lidar com temas complexos, mas com tempo, pode resolvê-los. E se dá muito bem em afazeres do cotidiano. Nestes casos, podem resolvê-los rapidamente. Entretanto, às vezes se depara com pessoas que se julgam mais sabidas. É extremamente difícil para uma pessoa normal abstrair o que se passa na cabeça de uma autista. Outra qualidade intrínseca é fazer as coisas sem maldade. O que não significa dizer que não haja malícia. Então, de forma recorrente o autista se depara com questionamentos, tais como: “Você acha que você consegue?”. Ou seja, vai lhe ser atribuída uma tarefa. E o interlocutor explica ao autista o que deseja, mas sempre ou quase sempre finaliza com uma indagação parecida a esta. Na cabeça do autista aquela tarefa pode ser pueril e resolvida facilmente. Mas desde a ponta ocorre essa espécie de “intimidação comportamental”. Na ponta de cá estão pessoas que ficam boquiabertas com o desprendimento e astúcia do autista. É certo que a sociedade desconhece quem é quem. No âmbito familiar, facilmente os autistas são identificáveis, pois tem qualidades e características similares. Antigamente, repisa-se, era bastante complicado porque não se buscava um laudo – hoje multidisciplinar. Mas na rua, o interlocutor não sabe quem é autista. Especialmente nos casos de autismo "leve". A esta altura aparece uma qualidade fantástica de autistas - a humildade. Ele faz o que tem pra fazer e pronto. Não se prende a churumelas! Óbvio que ninguém é de ferro, e os autistas entram em crises. Nada que uma recepção bem humorada do espetáculo faça acalento ao comportamento autista. Somado à medicação que faz bem, e uma boa dose de paciência, compreensão, carinho e amor (que fazem melhor).

edras josé
Enviado por edras josé em 03/01/2020
Código do texto: T6833412
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