DONA ANA ISABEL


Viajar é algo apaixonante, seja para aqueles que amam descobrir um lugar novo, ou rever lugares incríveis. Cada qual, porém, tem uma característica própria de viajar. Há os que só viajam em grupos, ou aqueles que preferem viajar a dois, ou ainda, aqueles que, por não ter companhia, não deixam que isso seja um empecilho, e viajam bem sozinhos.

Eu pertenço ao segundo grupo. Meu companheiro de viagem, (e de vida) é meu marido, adoramos viajar a dois, e nos aventuramos, mesmo estando perto das 70 primaveras, criando nosso próprio roteiro.
E cada vez, que nos sentamos para programar o roteiro para uma nova viagem, esquecemos a idade que temos, o entusiamo que sentimos, desperta o espírito aventureiro que mora em nós.

A idade pode ter nos roubado algumas coisas. Entretanto, o gosto pela aventura de uma nova viagem, as descobertas, o deslumbramento de rever um lugar encantador, ou de conhecer outro que estava em nossos planos, desde a juventude, mas que por um motivo ou outro, só com a idade madura, pudemos realizar, continua intacto dentro de nós.

Uma coisa reconheço, com relação a vida de um casal, é bom que haja laços de gostos semelhantes, ao menos alguns. Pois caso contrário a vida a dois, fica menos agradável de ser compartilhada.

Escrevendo, essas linhas, lembrei-me de uma senhora, que conheci em um Cruzeiro Marítimo. Na época que fizemos essa viagem de 12 dias, tivemos a oportunidade de encontrar, Dona Ana Isabel, uma Portuguesa, residente na bela cidade do Porto, que na ocasião fazia o passeio sozinha.
Entre nós nasceu de pronto, uma simpatia imensa, e por várias vezes, desfrutamos da companhia dessa senhora de 75 anos, durante as refeições no Navio. E durante nossas conversas, ela nos contou, que viajava sozinha, porque seu marido, não gostava de sair da cidade do Porto. Enquanto que, ela amava conhecer novos lugares. Disse-nos Dona Ana Isabel, que ela, e o marido tinham em comum, o gosto pelo estudo, eram ambos Professores Eméritos da Universidade do Porto. Mas, que ele, mesmo não gostando de viajar, a ajudava a escolher roteiros e a incentivava a viajar, pois era generoso, e sabia abrir mão da companhia da esposa, por saber o quanto ela amava conhecer lugares novos.

Uma tarde, encontrei Dona Ana Isabel, olhando o Poente se derramar sobre as águas do imenso oceano, foi nesse momento que descobrimos, que tinhamos esse gostos em comum, adorávamos fotografia, e fotografar.
E, foi também, nesse dia, que ela me confessou, que adoraria que seu querido marido, gostasse de viajar tanto quanto ela, e acrescentou, que esse fato, em nada mudava os laços de afeição profunda que os unia, (na ocasião o casal ja havia feito Bodas de Ouro) mas que, em um momento tão lindo como aquele, em que ela assistia a majestosa visão no convés da grande embarcação, ela adoraria ter a companhia dele ali.

Viagens, nos proporcionam lembranças, como essa, alem é claro, de desfrutar de lugares inesquecíveis, e de poder conhecer pessoas, que mesmo estando conosco por um pequeno espaço de tempo, valeu muito a pena conhecer. Dona Ana Isabel, foi uma delas, uma pessoa encantadora. Lembro-me de termos passado longo tempo ouvindo a voz pausada e cheia de conhecimento daquela ilustre portuguesa, durante aquela viagem de navio.
Isso aconteceu, há mais de três lustros, no entanto, as deliciosas lembranças, dessa senhora cheia de vida, em seus 75 anos de idade, dona de uma alma delicada, culta e amante de viagens e de fotografia, vira e mexe, vem me fazer companhia.


Imagem: Lenapena 
Lenapena
Enviado por Lenapena em 02/01/2020
Reeditado em 02/01/2020
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