Sossega a periquita, capão suado
CADA pessoa tem o seu jeito de ser. Nunca deve esconder sua natureza. Quando veste fantasia, o dando do rabo de palha sempre aparece, não tem jeito de passar despercebido.
Para que fingir e tentar enganar até a si próprio? Como, por exemplo, eu iria fingir ser um gentleman? Ou um literato? Ou u véio com talento para as artes? Como eu poderia negar minhas ideias socialistas, mesmo não pertencendo a nenhum partido? Como iria bancar o religioso se não possuo religião, se apenas creio em Deus, Jesus e Nossa Senhora? Como iria forçar a barra e negar que sou arengueiro?
Não, prefiro ser eu mesmo, falando, conversando, escrevendo, ser eu mesmo em qualquer lugar. Sou, nunca neguei um pecador contumaz, erro paca, de vez em quando cometo uma gafe, enfim, eu sou eu mesmo e não uso disfarce, detesto fantasia.
Nada contra os que se arvoram ser palmatória do mundo, incapazes de um deslize, professores de Deus, donos da matéria, sumidades em compotas. Nada contra esses capões suados, incapazes de um gesto de humildade. São os metidos a ser pavão misterioso, mas são apenas capões suados, com cacarejar de chato de galocha.
Sei não, mas achoque esses capões suados deviam sossegar a periquita. Do jeito que vão terminam erdendo o respeito até dos pintos do terreiro. Inté.