Poupando sementes




Tentando poupar as sementes, de uma flor para outra, só eu sei com quantas lágrimas as reguei, querendo colher muito mais do que plantei. 
A poesia não faz de nós um mentiroso, no mínimo um lunático fantasioso.

De tanto regrar os meus passos, travar as palavras para não machucar, eu calei, e tanto senti, a vontade era fazer parte daquele lugar... um coração, que tanto bem à minha alma fez, e barrada, preferiu sobrevoar à felicidade, sem  mais descer ao caos: Existir.

Não quero mais a ilusão, não quero observar nem de longe o amor, para não perceber a queda do outro, a tristeza do outro, a fraqueza do outro, para não assistir no seu espelho a minha própria imagem decepcionada.
Vou seguir carregando nos olhos tantas imagens, nos meus ouvidos tantas palavras, para aqui dentro do meu coração, saber que somos seres infinitamente solitários...
todo amor que dedicamos só a nós faz bem, quebramos o encanto e a ilusão do amor, quando esperamos reciprocidade.
Dizer que um poeta morreu, é algo que pode fazer doer nessa meio verdade, mas, aos poucos morre a esperança vã, que nos mata lentamente todos os dias...  a cada flor murcha que cai, sem a lembrança de que um dia foi festa para um beija flor, a vida se esvai e o amor... 
Temos que prosseguir, bebendo toda a beleza dessa dádiva única que é a vida, sem mexermos nas mais sérias feridas, fingindo que tudo em nós, sarou. Colhendo bons frutos, e soprando amor.
Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 29/12/2019
Reeditado em 28/06/2021
Código do texto: T6829844
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.