NATAL COM ESPÍRITO DESARMADO
Prof. Antônio de Oliveira
Felicidade, harmonia interior, equilíbrio, uma justa escala de valores.Nada disso advém automaticamente com o avanço da tecnologia. A menos que haja parceria do espírito, espiritualização, paz de espírito, paz de consciência, espírito desarmado. As pessoas andam cansadas, desiludidas, indignadas, revoltadas, violentas, transpirando conflitos de novelas e cenas de vandalismo, apesar de terem o celular na mão ou sempre à mão. Já não se presta atenção na doçura de uma criança, muito menos na doçura de uma criança que irradia luz de um cocho, de uma manjedoura. Fisicamente, Papai Noel, perto do presépio, é um gigante, um Golias mercantil. Rouba a cena. Fila para tirar uma foto é com ele, o “animador” da festa. Ao lado da manjedoura do aniversariante, Maria e José, uma vaquinha e um burrico, e alguns piedosos “gatos pingados”. Fila não há.
Claustrofobia é uma das tônicas, um dos sinais do nosso tempo. Se você vai a uma festa, não pense em conversar. A ordem é: quanto mais alto o som, melhor. E aí compete com o vozerio. Há quem aprecie. Canções natalinas ainda resistem. Até nos shoppings. Deixe-se inebriar com um coral de crianças. Mas isso, alucinação, alienação, rimando, tem uma explicação. As pessoas querem fugacomo se, nesses casos, a fuga resolvesse. Talvez dure enquanto dura o embalo.
Vou tentar algumas receitas para “armar” o bolo com espírito desarmado: um canhão, fale a razão; um automóvel, guie sem ódio; uma faca, use, não abuse; um revólver, defenda-se, não intimide; um microfone, comunique-se, dê o recado sem empáfia, não agrida; uma cruzinha para assinar, pense duas vezes...; um contrato, sele sem lesar; um cargo, rime com encargo; um cartão de crédito, meça a água com o fubá; uma vitória, a glória é fugaz; uma queda, tente levantar-se; um acidente é lição; a morte, o corpo se “desalma”. No duelo, alma sem arma leva a melhor, nesta vida e desta vida. Neste Natal, paz e amor. Nos anos vindouros, amor e paz.