DE FALSO LÍDER COMUNITÁRIO AO CARGO DE “RASGA MORTALHA”: A SAGA DE PRATES – O PAPAGAIO DE PIRATA DE CLÁUDIO “HORRORES”
- Crônica do dia 29-12-2019 -
Pouca gente talvez se lembre como foi que Marcinho Prates conseguiu seu espaço no Jardim Arco-Íris. Os mais novos talvez não conheçam a história, ou talvez a saibam deturpada. Mas acreditem, antes de regozijar-se com a distribuição de presentes natalinos, fruto do trabalho da primeira dama com recursos da Secretaria de Assistência Social, ele já se valia do suor e da dor alheia para “ganhar a vida”.
Assessor do antigo vereador Cláudio Olores, que sabe lá Deus “que vento levou”, era o responsável por FICAR DE OLHO EM QUEM MORRIA NA CIDADE, para avisar o seu patrão “ATENDER” a família com recursos da própria Assistência Social do município de Cotia, com um caixão de papelão, coroa de flores e corações despedaçados dos entes queridos sem um tostão no bolso, para ir lá chorar em velório de desconhecido e fazer todo o show necessário para ganhar os votos da família aflita.
Assim foi com minha avó, Graciliana Maria da Conceição (sim, o nome da creche do Jardim Arco Íris foi em homenagem a ela por dedicar a sua vida para cuidar, principalmente, de crianças). A sertaneja guerreira que doou sua vida para ajudar a comunidade do jardim Arco Íris como podia. Analfabeta, católica e dona de uma fé que só não era maior que seu enorme coração onde cabiam todos aqueles que precisavam do seu acalanto.
Dona Graciliana, foi agricultora, oleira. Mas o que é mais marcante em sua trajetória de vida, e o fato propulsor de ela ter sido merecedora de um velório que foi o único que vi na minha história de vida, juntar DOIS ÔNIBUS LOTADOS DE PESSOAS fora os carros que acompanharam em carreata para ser enterrada em chão de barro, com muita humildade, assim como veio ao mundo, no cemitério de Caucaia de Alto, era o fato de ter sido “A REZADEIRA” do lugar.
Estão aí todos os mais velhos da comunidade que jamais me deixariam mentir com relação a este fato e as histórias, ouso a dizer milagrosas, que aquela pobre mulher de fé, foi FERRAMENTA DO DIVINO para operar, até mesmo aqueles que hoje não aliam “lé com cré” e apoiam seja lá por qual motivo for, o VEREADOR PAPAGAIO DE PIRATA dentro da comunidade que ele não construiu uma “casa de palito de picolé” que seja.
Eu tinha apenas treze anos, mas lembro-me como se fosse hoje que a morte da vó, ou MAMÃE como os mais velhos da família ainda chamam, sejam eles minha mãe, tios e até mesmo primos, e lembro que sua morte foi tão repentina que não deu tempo de ninguém se prevenir para nada. A nossa família era muito pobre, e o único preparativo que tinha para a ocasião era o rosário de mão que ela própria havia guardado por longos anos durante a vida.
A saúde para quem é da periferia nunca foi a melhor coisa do mundo. Pra falar a verdade, nem sei se tenho a carteira de vacinação completa. Sei que nem tenho mais minha carteira de vacinação. Hospital lá no Atalaia e no Portão, sempre lotados. O postinho do Jardim Arco-Íris sempre fez o que podia, mais pela boa vontade dos profissionais do que por condições de funcionamento, em realidade.
A não ser no tempo de Dr. Ailton, que o médico-prefeito estilo “Che Guevara”, era madrugada estava lá no hospital, de jaleco, olheira e cabelo esvoaçado, atendendo ELE PRÓPRIO quem quer que fosse que chegasse. E FAZIA COM AMOR.
Carro então, na época só tinha mesmo quem era considerado rico. A solução era subir a pés, doente até o Jardim Santana para esperar angustiosamente o Circular II e levar sopapo nos bancos de plástico duro, sem revestimento, durante mais de uma hora até chegar no hospital do Atalaia, pegar dois ônibus a partir da vila para ir para lá, enfrentar mais duas ou três horas de fila pra ser atendido pelo médico que a maioria das vezes não falava português e não sei mais quanto tempo para ser medicado com dipirona ou benzetacil, tentar a sorte na mão dos residentes do MATADOURO DE COTIA, onde morreram vários de meus irmãos que nem cheguei a conhecer, ou... RECORRER À “REZADEIRA”!
Dentre todas as opções de suplício pra quem já estava quase morto, a opção quase sempre era a fé dela e como ela própria dizia “DA FÉ DAQUELE QUE SE CURAVA”. E funcionava! Tem exemplos vivos e saudáveis por aí. A Renata de seu Afonso teve derrame facial, Dudu de tia Dete também bastou três “sessões” de suas orações misteriosas acompanhados dos sinais da cruz feitos com as ervas nas quais no “bolo” nunca faltava arruda, e o rosto voltou pro lugar.
Carlos meu primo, teve “fogo selvagem” quando criança. Tá lá, todo fortão!
Ainda quero escrever mais sobre a mulher sertaneja, mãe de onze filhos, que alimentou todos eles tirando seu sustento do barro, LITERALMENTE, fazendo jarros, vasos, moringas, panelas e outros apetrechos. Nunca esmoreceu, e ainda teve tempo de amar e cuidar de todos aqueles que estavam à sua volta fossem ou não de sangue.
Mas eu trouxe esta história neste momento apenas para fundamentar uma pergunta:
O QUE PRATES FEZ EM TODA SUA CARREIRA POLÍTICA PARA MERECER OS VOTOS DO JARDIM ARCO-ÍRIS?
Sei que no sertão nordestino tem uma ave de rapina que grita bem alto quando a morte chega. O povo pensa até que é assombração. Seu nome é “RASGA MORTALHA”.
Graciliano Tolentino
- Crônica do dia 29-12-2019 -
Pouca gente talvez se lembre como foi que Marcinho Prates conseguiu seu espaço no Jardim Arco-Íris. Os mais novos talvez não conheçam a história, ou talvez a saibam deturpada. Mas acreditem, antes de regozijar-se com a distribuição de presentes natalinos, fruto do trabalho da primeira dama com recursos da Secretaria de Assistência Social, ele já se valia do suor e da dor alheia para “ganhar a vida”.
Assessor do antigo vereador Cláudio Olores, que sabe lá Deus “que vento levou”, era o responsável por FICAR DE OLHO EM QUEM MORRIA NA CIDADE, para avisar o seu patrão “ATENDER” a família com recursos da própria Assistência Social do município de Cotia, com um caixão de papelão, coroa de flores e corações despedaçados dos entes queridos sem um tostão no bolso, para ir lá chorar em velório de desconhecido e fazer todo o show necessário para ganhar os votos da família aflita.
Assim foi com minha avó, Graciliana Maria da Conceição (sim, o nome da creche do Jardim Arco Íris foi em homenagem a ela por dedicar a sua vida para cuidar, principalmente, de crianças). A sertaneja guerreira que doou sua vida para ajudar a comunidade do jardim Arco Íris como podia. Analfabeta, católica e dona de uma fé que só não era maior que seu enorme coração onde cabiam todos aqueles que precisavam do seu acalanto.
Dona Graciliana, foi agricultora, oleira. Mas o que é mais marcante em sua trajetória de vida, e o fato propulsor de ela ter sido merecedora de um velório que foi o único que vi na minha história de vida, juntar DOIS ÔNIBUS LOTADOS DE PESSOAS fora os carros que acompanharam em carreata para ser enterrada em chão de barro, com muita humildade, assim como veio ao mundo, no cemitério de Caucaia de Alto, era o fato de ter sido “A REZADEIRA” do lugar.
Estão aí todos os mais velhos da comunidade que jamais me deixariam mentir com relação a este fato e as histórias, ouso a dizer milagrosas, que aquela pobre mulher de fé, foi FERRAMENTA DO DIVINO para operar, até mesmo aqueles que hoje não aliam “lé com cré” e apoiam seja lá por qual motivo for, o VEREADOR PAPAGAIO DE PIRATA dentro da comunidade que ele não construiu uma “casa de palito de picolé” que seja.
Eu tinha apenas treze anos, mas lembro-me como se fosse hoje que a morte da vó, ou MAMÃE como os mais velhos da família ainda chamam, sejam eles minha mãe, tios e até mesmo primos, e lembro que sua morte foi tão repentina que não deu tempo de ninguém se prevenir para nada. A nossa família era muito pobre, e o único preparativo que tinha para a ocasião era o rosário de mão que ela própria havia guardado por longos anos durante a vida.
A saúde para quem é da periferia nunca foi a melhor coisa do mundo. Pra falar a verdade, nem sei se tenho a carteira de vacinação completa. Sei que nem tenho mais minha carteira de vacinação. Hospital lá no Atalaia e no Portão, sempre lotados. O postinho do Jardim Arco-Íris sempre fez o que podia, mais pela boa vontade dos profissionais do que por condições de funcionamento, em realidade.
A não ser no tempo de Dr. Ailton, que o médico-prefeito estilo “Che Guevara”, era madrugada estava lá no hospital, de jaleco, olheira e cabelo esvoaçado, atendendo ELE PRÓPRIO quem quer que fosse que chegasse. E FAZIA COM AMOR.
Carro então, na época só tinha mesmo quem era considerado rico. A solução era subir a pés, doente até o Jardim Santana para esperar angustiosamente o Circular II e levar sopapo nos bancos de plástico duro, sem revestimento, durante mais de uma hora até chegar no hospital do Atalaia, pegar dois ônibus a partir da vila para ir para lá, enfrentar mais duas ou três horas de fila pra ser atendido pelo médico que a maioria das vezes não falava português e não sei mais quanto tempo para ser medicado com dipirona ou benzetacil, tentar a sorte na mão dos residentes do MATADOURO DE COTIA, onde morreram vários de meus irmãos que nem cheguei a conhecer, ou... RECORRER À “REZADEIRA”!
Dentre todas as opções de suplício pra quem já estava quase morto, a opção quase sempre era a fé dela e como ela própria dizia “DA FÉ DAQUELE QUE SE CURAVA”. E funcionava! Tem exemplos vivos e saudáveis por aí. A Renata de seu Afonso teve derrame facial, Dudu de tia Dete também bastou três “sessões” de suas orações misteriosas acompanhados dos sinais da cruz feitos com as ervas nas quais no “bolo” nunca faltava arruda, e o rosto voltou pro lugar.
Carlos meu primo, teve “fogo selvagem” quando criança. Tá lá, todo fortão!
Ainda quero escrever mais sobre a mulher sertaneja, mãe de onze filhos, que alimentou todos eles tirando seu sustento do barro, LITERALMENTE, fazendo jarros, vasos, moringas, panelas e outros apetrechos. Nunca esmoreceu, e ainda teve tempo de amar e cuidar de todos aqueles que estavam à sua volta fossem ou não de sangue.
Mas eu trouxe esta história neste momento apenas para fundamentar uma pergunta:
O QUE PRATES FEZ EM TODA SUA CARREIRA POLÍTICA PARA MERECER OS VOTOS DO JARDIM ARCO-ÍRIS?
Sei que no sertão nordestino tem uma ave de rapina que grita bem alto quando a morte chega. O povo pensa até que é assombração. Seu nome é “RASGA MORTALHA”.
Graciliano Tolentino