João

Vou chama-lo assim "JOÃO", não sei seu nome, então resolvi que seria este seu nome, pois foi tão rápido este encontro que não tive tempo de perguntar-lhe.

Eram mais ou menos 22h, eu e Anne estávamos admirando o mar e este rapaz chegou, estava catando latinhas disse boa noite o qual prontamente respondemos e puxou conversa - Nossa como as pessoas são disse ele com uma garrafa de energético que acabava de encontrar, olha o desperdício, é bebida, é comida, jogam fora e tanta gente necessitando, olhei para ele, de fala mansa, postura de pessoa esclarecida, começamos uma prosa, começou a falar de sua vida, perguntei da família, por que estava ali, me contou que era de Arapongas interior do Parana, que seu barraco de madeira tinha queimado e que estava terminando uma casinha pequena mas de alvenaria, vi que seus olhos brilharam, ia ficar linda uma sala, cozinha, um quarto pra si e um quarto para a filha, seu semblante fechou quando perguntei da esposa, me explicou que tinha perdido ela e um filho em um acidente, pude ver seus olhos marejarem, agora era somente ele e a filha, a vida segue moço, foi por Deus, tinha deixado a cidade indo para São Paulo, mas estava ruim de serviços, juntou um dinheirinho e chegou a Balneário Camboriú e já tinha arrumado um emprego em um bar até o dia 10 de janeiro e depois iria para Vacaria pois começaria a safra de Maça, mas falava como se me conhecesse a anos, com uma tranquilidade como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo, fiquei apenas calado e lá se foi o João catando suas latinhas.

Sergio Nogueira
Enviado por Sergio Nogueira em 28/12/2019
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