Os livros

Cassia Caryne - 26/12/2019.

Na minha casa, minha biblioteca é muito modesta, resumindo-se a uma alta estante. Tenho algumas coleções que já foram muito importantes na década de 70 e 80. Muitos livros, dos quais alguns já foram lidos por mim. Hoje resolvi cuidar deles. Tirar a poeira, passar os olhos por suas páginas, lembrar da história fantástica de um, tristíssima de outro, deliciosa história daquele, ah! Esse aqui, quanta saudade! As enciclopédias, que poderiam até ser doadas para alguma biblioteca (será que aceitam?) têm seu lugar na estante. Não tenho coragem de me desfazer delas. Passo as mãos pela capa encardenada de couro, como se fizesse carinho no livro. Têm tanta sabedoria em suas páginas, tanto estudo, tanto tempo, tanta vida!... Não posso desprezá-lo. E fui ajeitando os livros na estante, com a curiosidade de ler muitos que ainda não li. Tentando fazer uma agenda mental para incluí-los na minha rotina. Lembrei-me de um professor, leitor contumaz, que certa vez perguntou-me: "-Quantos livros você lê por ano, Cassia?"

Quis morrer! Não queria decepcioná-lo e não queria lhe mentir. Mas ele foi tão condescendente comigo, tão gentil, dizendo que uma mulher inteligente como eu não deveria ficar sem ler. Teria obrigação de ler todos os dias de minha vida. E que iria me emprestar um exemplar seu, um Sidney Sheldon. Eu gosto muito do Sheldon. Depois disso, praticamente aboli a TV da minha vida e reinagurei a leitura. Que incentivo bom! Que bem ele me fez! Obrigada, professor! Imagino que deve estar ensinando no céu com maestria e amor abnegado. Trabalhei várias horas nessa arrumação, descobrindo saudades, relendo poemas dos meus filhos, notas sobre eles nos jornais da cidade... Ao fim, cansada, mas feliz com o resultado! Dei-me conta que estive a tarde toda em ótimas companhias !