123- Cento e Vinte e Três
Nunca nada está bem para algumas pessoas. Tempos houve em que essa atitude me agastava ou fazia desistir de novas tentativas para agradar. Mudei. Muda-se sempre que a maturidade nos chega, a indiferença nos caleja o corpo e o espírito. Faça como gostaria de ver, não veja, não leia, não use. Guarde para si o veneno, morda-se se achar bem. A virtude de alguns, se a tivermos em conta, pode fazer chorar. Eu, porém, já não vou nisso. Prefiro ler ao contrário, ouvir pelo avesso, ter pena de quem nunca está feliz. Depois, há um silêncio radical, um olhar sem ver, um frio de gelar. É muito bom sair quando não queremos que nos apertem, mordam, belisquem. Quando chegam já sou de pedra.