ANIVERSÁRIO

Meio século...um pouco(ou muito) mais

São os dias...anos...

Não os vejo assim, tantos...

Não me convenço, jamais, a contar quantos!

Houve alguma mudança: cabelos, memória, pele...

Nada que revele toda minha andança

pelo mundo, pela vida.

Nada conta, de fato, os contos que contei!

Nem mesmo tudo que versei em rimas dos compassos que em meus passos trilharam e me forjaram.

Escrevi poesias em linhas de fantasias, escrevi a filhos do amor que une, da saudade que reúne corações, entoando, de longe, canções no embalo da ligação umbilical que não se desfaz...não se refaz, posto que é eterno...é terno!

Escrevi algumas linhas sobre um amor antigo que não se consegue esquecer ; sobre a infância que tão longe ficou; sobre adolescência -um doce viver...

De amores proibidos?

Ah! Falei muito, mesmo sem tê-los vivido!

Ninei alguns corações com minha amizade em total lealdade.

E meus amores e amizades não são laboratório  para cantar sentimentos e inventar versos, antes, são a expressão viva de momentos que dão, à vida, sentido e razão.

Olhei o mar e suas ondas que se derramam na areia em suaves beijos...

Venci o ar viajando no infinito das estrelas...

Abracei a lua em vestes nuas, sonhei mil sonhos de esperança...

Acordei nos braços da saudade tantas e tantas vezes que aprendi a encarar a eternidade e renascer.

E assim, contando os anos que em mim deságuam seus dias, sinto que ainda tenho muito a dizer ...

Talvez apenas em poesias ou, quem sabe, se elas não fugirem de mim pela minha incapacidade de ler meus próprios versos no reflexo do espelho da incerteza, da carência... Do amor que se foi sem ter ido ou do que nunca foi vivido...

E assim, encarando a próxima etapa que hoje tem seu começo, remindo o tempo pra não desmoronar, ao aniversariar, sinto que envelheci

E nada vivi...