CAFÉ NA "LIVRARIA"
Quase todos os dias eu ia à livraria para tomar um café e ler um livro que trazia de casa. Isso mesmo. Um livro de casa. Pois, quando entro em uma livraria, e olho em volta, observando as pessoas absortas nos celulares, tabletes e smartphones, cheguei à conclusão de que, ultimamente, dentro de um estabelecimento comercial literário, o livro se tornou o produto menos importante.
No entanto, naquela manhã, fui à livraria para reencontrar Fernando, um antigo amigo da escola. Passados dez minutos , ele chegou.
-Carlos! Tudo bem?
-Está tudo bem, Fernando, e com você?
-Tudo às mil maravilhas. Tenho novidades. Meu canal na internet tem cinquenta milhões de inscritos e eu sou o influenciador digital mais seguido no mundo.
Fernando falou com a mesma proporção de um vencedor do Nobel ou de um sortudo que ganhou uma bolada na loteria.
-Não sabia que tinha milhões de pessoas interessadas em saber sobre a bolsa de valores.
-Eu não falo mais sobre finanças, agora falo sobre coisas que importam ás pessoas.
-Por exemplo?
-O que acontece quando se acende mil palitos de fósforos de uma vez, ou será que alguém pode morrer asfixiado se colocar cinco sacos plásticos na cabeça?
-É esse tipo de coisa que importam para as pessoas?
-Óbvio. As pessoas não querem mais ser materialistas frias, além disso o entretenimento barato é o conteúdo que mais gera lucro.
-Então você ganha capital do seu publico deixando de falar sobre o mercado financeiro?
-Exatamente. Você ainda continua lendo para se distrair do estresse da bolsa de valores?
-Não só por isso, mas também.
-Eu também leio sabia? Vou pegar meu celular para saber o que está acontecendo. Puxa! Hoje é segunda feira!