Plantar tâmara ao próximo
Quando se aproxima o final do ano, nós ficamos mais propícios à reflexão porque o tempo da nossa vida, por aqui, está se esvaindo, como se fosse uma caixa d’água vazando, sem que se pudesse consertá-la. Assim o tempo foge, vai desaparecendo... Abre-se também o baú dos desejos acumulados, da vontade permanentemente “querente” e, conforme a idade vencida, a renovação das vontades “queridas”. Ter vontade, de qualquer forma, é inerente à ação humana; é aguilhão ao primeiro passo do agir. A inércia é, nesse sentido, a completa ausência da vontade, da qual a ação é resultante.
Ao começar o período natalino, parece ressurgirem sonhos antigos, recorrentes, que permanecem no estágio da esperança; persistentes, mas que não de resultados imediatos, como o do plantador de tâmara, que prepara a terra, joga a semente, para outros colherem os frutos, contudo, somente depois de cem anos. O egoísta planta sementes de abóbora que nasce antes de seis meses; acha ele que plantar tâmara é inútil. Alguém planta tâmara para sonhar que, no futuro, depois de ter se ido, venham os outros, até desconhecidos, para saborear os eventuais frutos plantados. Isso é o que se imagina num mundo totalmente convulsionado pelo individualismo, “cada um por si”, com a cara diuturnamente enfiada no celular, os outros apenas passam...
Sim, é verdade, há quem deixe de plantar tâmara simplesmente porque não irá comer dos seus frutos. Semelhante ao irritante adulto que fez os cálculos: quando vier a anunciada catástrofe ecológica, ele já não estará vivo, logo ele não se preocupa com o tão falado meio ambiente. Enfim, o ecossistema só deverá ser saudável, se for para ele; ignorando completamente o que virá acontecer, depois da sua morte, como o sofrimento dos netos, a sobrevivência dos bisnetos, o fim da vida dos outros, da humanidade...
No filme Dersu Uzala, de Akira Kurosawa, o bondoso e altruísta Dersu orienta uma dezena de militares geógrafos do Czar a reconhecer e a mapear uma densa e enorme floresta, então parte desconhecida do território russo, dentro da qual até os animais se perdiam. Eles encontram uma cabana de palha abandonada para ali passarem momentos de descanso. Antes de partirem, Dersu conserta o telhado, as paredes, colocando novas palhas; varre o chão de barro e deixa querosene e fósforo para aquele que eventualmente vier a ocupar aquela casa. Perguntou-lhe o Capitão a quem ele estava deixando seus preciosos fósforos e querosene, ao que Dersu respondeu não saber, mas que servirá, certamente, a quem vier precisando de abrigo, luz e fogo contra o frio.
Esse é, explicitamente em exemplo, o verdadeiro conceito do “próximo” que existe, em todos os natais do mundo, para ser amado. Ocasião necessária para se comemorar o nascimento de Cristo ou fazer que com Ele renasça em cada um de nós; Ele que nos revelou o novo e maior mandamento: “Ame o seu próximo como a si mesmo”. Quem semeia tâmara planta seus frutos ao próximo, porque está consciente e admoestado pelo provérbio árabe, que avisa ao plantador que ele não verá tal tamareira florindo: “Quem planta tâmaras não colhe tâmaras”.
Quando se aproxima o final do ano, nós ficamos mais propícios à reflexão porque o tempo da nossa vida, por aqui, está se esvaindo, como se fosse uma caixa d’água vazando, sem que se pudesse consertá-la. Assim o tempo foge, vai desaparecendo... Abre-se também o baú dos desejos acumulados, da vontade permanentemente “querente” e, conforme a idade vencida, a renovação das vontades “queridas”. Ter vontade, de qualquer forma, é inerente à ação humana; é aguilhão ao primeiro passo do agir. A inércia é, nesse sentido, a completa ausência da vontade, da qual a ação é resultante.
Ao começar o período natalino, parece ressurgirem sonhos antigos, recorrentes, que permanecem no estágio da esperança; persistentes, mas que não de resultados imediatos, como o do plantador de tâmara, que prepara a terra, joga a semente, para outros colherem os frutos, contudo, somente depois de cem anos. O egoísta planta sementes de abóbora que nasce antes de seis meses; acha ele que plantar tâmara é inútil. Alguém planta tâmara para sonhar que, no futuro, depois de ter se ido, venham os outros, até desconhecidos, para saborear os eventuais frutos plantados. Isso é o que se imagina num mundo totalmente convulsionado pelo individualismo, “cada um por si”, com a cara diuturnamente enfiada no celular, os outros apenas passam...
Sim, é verdade, há quem deixe de plantar tâmara simplesmente porque não irá comer dos seus frutos. Semelhante ao irritante adulto que fez os cálculos: quando vier a anunciada catástrofe ecológica, ele já não estará vivo, logo ele não se preocupa com o tão falado meio ambiente. Enfim, o ecossistema só deverá ser saudável, se for para ele; ignorando completamente o que virá acontecer, depois da sua morte, como o sofrimento dos netos, a sobrevivência dos bisnetos, o fim da vida dos outros, da humanidade...
No filme Dersu Uzala, de Akira Kurosawa, o bondoso e altruísta Dersu orienta uma dezena de militares geógrafos do Czar a reconhecer e a mapear uma densa e enorme floresta, então parte desconhecida do território russo, dentro da qual até os animais se perdiam. Eles encontram uma cabana de palha abandonada para ali passarem momentos de descanso. Antes de partirem, Dersu conserta o telhado, as paredes, colocando novas palhas; varre o chão de barro e deixa querosene e fósforo para aquele que eventualmente vier a ocupar aquela casa. Perguntou-lhe o Capitão a quem ele estava deixando seus preciosos fósforos e querosene, ao que Dersu respondeu não saber, mas que servirá, certamente, a quem vier precisando de abrigo, luz e fogo contra o frio.
Esse é, explicitamente em exemplo, o verdadeiro conceito do “próximo” que existe, em todos os natais do mundo, para ser amado. Ocasião necessária para se comemorar o nascimento de Cristo ou fazer que com Ele renasça em cada um de nós; Ele que nos revelou o novo e maior mandamento: “Ame o seu próximo como a si mesmo”. Quem semeia tâmara planta seus frutos ao próximo, porque está consciente e admoestado pelo provérbio árabe, que avisa ao plantador que ele não verá tal tamareira florindo: “Quem planta tâmaras não colhe tâmaras”.