“Aquele cara de nove dedos”
Em mais uma demonstração de desqualificação para qualquer cargo público, talvez não servisse nem para ser um honesto porteiro de condomínio, ou um criminoso motorista de assassino, o presidente brasileiro fez referência ao gigante Lula como sendo “aquele cara de nove dedos”. O ex-capitão, cheio de dedos, faz graça como se fosse um pirralho, como fez com o cidadão com a camisa do Flamengo que pediu uma foto, “se sumir a carteira de alguém já sei quem é”, o preconceito está na veia, no sangue.
Ele sabe que o ‘cara de nove dedos’ é amado pela a maioria da população brasileira, principalmente os da camada menos favorecida, ele sabe que o ‘cara de nove dedos’ é respeitado em todo o planeta porque é sujeito homem, nordestino, operário, que ultrapassou a casa dos setenta anos de idade e, mesmo assim, não perde a oportunidade de agradecer a sua mãezinha pela educação que teve, pelos valores que construiu durante toda a sua trajetória.
Bolsonaro não traz em si nenhum valor, o mínimo que seja, que se possa perceber como algo relacionado à civilização. Nunca li uma linha onde seus filhos se orgulhassem da criação que tiveram, porque herdaram as negações humanitárias do pai, entronizam ditadores, foram amamentados dentro da corrupção dos gabinetes do pai, onde fizeram seus ninhos, e lá permanecem às custas da ignorância.
Com todos os dedos das mãos, sem faltar nenhum, todos com as unhas ‘feitas’, Bolsonaro não é capaz de contar uma obra em um ano de governo, enquanto ‘aquele cara’ tem que pedir dedos emprestados; com todos os dedos perfeitamente dispostos, um ao lado do outro, Bolsonaro nunca vai ter a honra de apertar a mão do Papa ou da Rainha com vibração e esponteneidade.
O dedo que falta na mão operária de Lula é o mindinho, que é sinônimo de pequeno, mínimo, minguado, miúdo, nanico, anão, raquítico, mirrado, microscópico, coisas que Lula não é; mas que representa com exatidão o tamanho de Bolsonaro para a história.
Ricardo Mezavila