A ARROGÂNCIA DA INCULTURA. INTERNET.

Recebi esse texto por email, apócrifo.

“Textos grandes d+ na internet, não cola, é chato! Se eu quiser ler um livro não vou para o computador. Tem gente que não ver o senso do ridículo.kkkkk...”

Não tenho nada contra seu conteúdo, cada um se manifesta como quer e pode não havendo ofensa. Ao contrário, fiquei entusiasmado, já que corrobora meu diagnóstico e sedimenta minha experiência sobre a internet, e ratifica Umberto Ecco quanto à idiotia nesse veículo. Sobre livros que escrevi só recebo substratos forrados de clareza.

Estou sempre aberto à crítica, recebo-a com serenidade e se tenho que com ela aprender agradeço; o que seria a construção do pensamento se não fosse o processo crítico onde Kant é o paradigma. Mas se aprende com o meio e modo de ensinar. E não paro de aprender.

Sou egresso do contraditório, por ele formado, é minha vida profissional e intelectual, gosto disso, é meu combustível e meu sangue o debate; vivi e tirei meu pão, minha sobrevivência, da controvérsia.

A mensagem, achei ótima, por isso a exponho como explicativa da internet, suas mazelas, despreparo, como já frisei muitas vezes, e compreende-se. Existem aqui extremos como em tudo na ordem social, e somente como indicativo, sinalizo distorções, como a partilha constitucional dos tributos no Brasil, cujos números recentes me surpreenderam, mas compreendo, como o sudeste carregando o nordeste na distribuição de tributos. A força do trabalho em disfunção.

A internet em poucos espaços ilustra e dá instrução; é mera distração como indicou o discípulo de Lacan. Seus frequentadores não gostam de livros, afirma Lacan, não eu, na real acepção, mas da imagem que proporciona.Essa verdade reflete como tratam a língua os “escritores” somente de internet. Nela podem tudo, não existem barreiras, nem filtros editoriais. Lê-se gato por jato. E creditam essas anomalias à digitação;é confortável.

Se o email vem de alguém que não me aprecia, não se intimide em se esconder no anonimato, mas isso mais me conforta. Feri alguns brios, será? Me perdoem, me anistie o ferido, se assim entendeu. Seria questão de ideologia? Não tenho nenhuma, só pretendo a convergência de todas para o bem comum. Pode ter acontecido e o óbvio não me escapa, credito-o por indução a uma androginia de vontades indefinidas, momentâneas e necessárias, caricatas então, como personalidades de muitos que frequentam a internet, mostrando o texto a violenta agressão ao idioma, conscientemente ou disfarçadamente, mas, creio, daí a falta de vontade de ler textos maiores.

Digamos que a internet, desse passo, serve aos incultos somente em imagem como já disse, que escrevem “textos grandes .... não cola”, esquecendo, ou melhor, não sabendo, que a língua tem gênero, número e grau. Quem lê livro verdadeiro não escreve com concordâncias erradas, grafias mutiladas, gramáticas inexistentes, disfunção de apreensão gigantesca.

Os preguiçosos que normalmente são também invejosos e miram no que outros conseguiram, se repetem na famosa repetência dos colégios que não conseguiram cursar – discos gastos, falta de imaginação ou criatividade, cultura enfim - muito menos nas academias, sem periferias, e ficam hoje na imagem da internet, lúdica, que não supre a disfuncionalidade de apreensão de textos, o analfabeto funcional. É o que lhes resta.

A vida há de ser a vida do benefício; bem cedo alguém podia te dizer ou deveria ter dito, que a existência é um fardo, mas só para aqueles que não lutam por se esclarecer um pouco mais, vivendo em um mundo cheio de desenganos, complexos e frustrações todas. Nunca será um cidadão do mundo e das ideias absorvidas e equalizadas para o melhor social.

O sinal que traz o ser humano do parto e seus traços, e do avitismo, só é indelével para os enfermos da vontade ou da razão.

Sempre é tempo de refletir nos tropeços que te são vexame.

Quem sabe assim se afastar da ‘ARROGÂNCIA DA INCULTURA”, e ler mais esse texto longo.É FÁCIL DE ENTENDER.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 15/12/2019
Reeditado em 15/12/2019
Código do texto: T6819497
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