A Borboleta Azul
A borboleta azul
Cassia Caryne - 14/12/2019
Era cedo, ainda de manhã, acelerei o carro na estrada a caminho do trabalho. Não liguei o som, deixei o silêncio falar sobrepondo o ruído do motor. A paisagem era divina, uma manhã limpa e lavada de chuva de vários dias seguidos. O sol deu as caras e fazia do céu de um azul magnífico. Mas meu coração ia triste, contido, magoado... Pensamentos de lutas vãs... Olhei para traz, buscando na memória os feitos e os desfeitos deste ano. A cada coisa boa dizia no íntimo: obrigada! Ou, graças a Deus! E às coisas difíceis e, até, impossíveis para mim, suspirava!... Não sabia nem como pedir a Deus por elas. E meu coração sangrava, doído... Ia comendo os quilômetros de estrada, dando breves olhadas ao redor, porque a manhã era linda demais! Olhava pra mim e doía demais também... Então, quando menos esperava, uma borboleta graúda e azul passou na frente do carro, largando atrás de si um vôo leve e azul! Exclamei alto: que lindeza de presente! - Porque não era uma borboleta qualquer, era uma borboleta azul celeste. Foi como se o céu descesse num vôo de borboleta. Um breve pedaço de céu para me animar... Então eu pensei: linda demais; ainda se eu tivesse agora um puçá, jamais a pegava para mim! Não sei o que é mais bonito: se é a borboleta azul ou se é o azul de céu que a contém, travestido de liberdade que a define! Entretanto, foi um dia difícil. Ao retornar, chegando à cidade, passei na casa de uma prima para conversar um assunto nosso. Sentamos na varanda e conversávamos, quando inesperadamente um beija-flor voou na minha frente, parou no ar por um milésimo de segundo olhando para mim, batendo vertiginosamente as asinhas e depois, vrummmm, voou pra longe de nós! Que aparição maravilhosa! Então pensei que pudesse ser um anjo vestido de beija-flor tentando dizer -me que não luto sozinha. Há um por vir abençoado...