A arte do desapego

Já faz um tempo que ando praticando a filosofia do desapego como forma de evolução espiritual e gratidão pela vida, mas é aí que os paradoxos vêm se multiplicando e os pontos de interrogação se enroscando...

Primeiro comecei a me desapegar de coisas, como livros, discos, osciloscópios, diplomas, maçanetas, cadeados, diários, lunetas e vassouras... depois fui me desapegando de animais, peixes, criancinhas, amigos, esposas de ex amigos, parentes, filhos e amantes. Mais tarde me desapeguei de pensamentos, dúvidas, memórias, certezas, sonhos, filosofias, objetivos e conquistas e até da felicidade. Me desapeguei de você, das suas ideias, das suas opiniões, e de seus julgamentos. Me desapeguei dos deuses, dos demônios, das drogas e dos venenos. Desapeguei da minha casa, do meu carro e do um túmulo. Me desapeguei das foices, das facas e das armas e das senhas das redes sociais. Me desapeguei dos cartões de crédito, das dívidas e dos recebimentos. Desapeguei dos sentimentos bonitos, mas dos feios não. Me desapeguei da alegria também, tanto é que estou indo ali fazer meu desapego final:

Vou me desapegar do meu corpo, da minha alma e da minha vida.

Adeus!