A Sombra de Passarinho
Sento-me à mesa do café, sirvo-me dele e começo a mordiscar um pedaço de pão. Os olhos vão parar no muro branco a minha frente. O sol bate numa parte dele. Fico mastigando devagarinho, pão e pensamentos... remoendo... ruminando... De repente, a sombra de um pardal. Ele pousou na calha e a sombra nas minhas retinas. E piava, piava... Eu, paralisada com a sombra que piava e dava bicadinhas nas penas. Imitou um canto, canto vagabundo de pardal. Olhei para a direita e vi outra sombra de passarinho, a mais de um metro de distância. Quietinha, só sentindo a presença do primeiro passarinho. Então, o passarinho cantador voou com sua sombra: vrrruuummm! O segundo passarinho até abaixou um tiquinho. Eu pensei: carreira solo!