AGRADECIMENTO.

Tenho por costume, entre o fim e o começo de um novo ano, deixar por escrito minhas impressões, experiências e avaliações sobre os acontecimentos durante todo o período que se despede. Quase sempre, erradamente, tenho o olhar e o pensamento voltados para os lamentos, reclamações e infortúnios, nessa difícil tarefa de viver. Parece sempre que os dias difíceis ficam ocupando um maior espaço em minha memória. Por isso, dessa vez, resolvi aliviar os pesos e voltar o pensamento para o agradecimento. Como assim? Agradecer?! Alguns dirão. Sim, sem dúvida alguma, um ano difícil, pesado; na política, (novidade) nos desastres ambientais, nas desigualdades sociais, na vida, enfim, de cada um de nós. Não foi diferente para mim. Foi um ano de significativas perdas em minha vida. Perdi parentes queridos; tios, primo e quase perco também, minha amada irmã. Vítima de um infarto gravíssimo, suas chances de sobreviver eram apenas, de dez por cento. Apostei nos "dez por cento", e ela, também. Com força, fé e esperança. Foram dois meses de máxima tensão. Dois meses de hospitalização, após todo um processo de revascularização cardíaca. Dos dois meses, metade foi na UTI. Permaneci todo esse tempo ao seu lado. E enquanto a via ligada àqueles aparelhos ( e eram tantos) cada vez mais, me convencia da fragilidade e brevidade da vida. Naquele momento, nada mais importava tanto quanto a sua recuperação. E, felizmente, os "dez por cento" foram aumentando. Vitórias eram comemoradas a cada dia, a cada aparelho desligado em resposta ao melhor funcionamento do organismo que, aos poucos, voltava a reagir. Por essa e outras, sou grata. Tive minhas perdas. Perdi até mesmo, o que nem cheguei a ter, e da mesma forma, doeu. Ainda assim, saí ganhando. E agradeço, então, à 2019. Agradeço pela família, pelos amigos, agradeço até mesmo, pelas dificuldades pois, nessas horas, tomamos conhecimento da força que habita em nós. Agradeço às forças do bem, às boas energias que envolvem todo esse misterioso viver. E, sobretudo, agradeço à minha irmã guerreira pela luta vencida, pela opção que, desafiando as probabilidades, entre partir e ficar, escolheu viver.

Elenice Bastos.

Um Feliz Natal a todos. Paz, União, Amor, Fé e Gratidão.