Epidemia de intolerância
SEMPRE DIGO QUE NADA MAIS me espanta. Sou um velho que já vi e vivi muita coisa. Mas se não me espanto, me entristeço, o que talvez seja muito pior. Pode até não parecer, principalmente para os que generosamente leem meus "escritos", mas sou um sujeito muito sensível. Daqueles que, às vezes, amanhecem como cantou Zeca Baleiro num verso de uma das suas magníficas canções. "hoje estou tão à flor da pele que qualquer beijo de novela me faz chorar". Sou assim, me comovo, me entristeço, não raro, creiam, choro. Juro.
Hoje o que mais me entristece é a onda de raiva, rancor e ódio que, infelizmente, deixou de ser exceção e e quase regra geral. Por qualquer coisinha à toa, vaga de estacionamento, lugar na fila, futebol. opinião divergente, qualquer motivo fútil, as pessoas discutem, arengam e até, em alguns casos, chegam às vias de fato. Em noventa e tarará por cento é por causa de bobagem. O que gera esse nervosismo? Qual a causa? Por que as pessoas estão se tornando intolerantes e provocadoras?
Vejam bem, eu diria que talvez, em parte, seja por causa da crise, desemprego, temor de perder o emprego, estresse, frustração porque não estão conseguindo dar vazão ao consumismo, por perda de status... Mas também tem a ver com os maus exemplos vindo de cima. O clima de beligerância e de provocação gerado pelo andar de cima. Vou apenas citar um exemplo recente, um parlamentar paulista chamou um colega de "judeuzinho filho da puta".. Sem falar em coisas piores que sucedem no meio político e dentre os graúdos.
Sei não, mas é por esse tipo de intolerância que acho que é completamente verdadeiro o verso da canção do Chico Buarque: "Filha do medo, a raiva é mãe da covardia". Bingo.
Uma curiosidade, um amigo chamou minha atenção para algo que realmente é verdade: os fascistas têm mais raiva de Chico Buarque do que de Lula. Nunca vão engolir que Chico Buarque é m gênio da raça e um brasileiro que orgulha o Brasil. Inté.