MINEIRO NÃO PERDE TREM?
Comentário a um relato de amiga mineira que esqueceu bolsa num hotel em Porto Seguro. Só quando já estava no avião quase levantando voo se deu conta do fato.
Passou mensagem a uma amiga em terra e tudo se resolveu, iriam despachar para as alterosas...não só havia esquecido a bolsa, mas também anel de ouro, pulseira e outros objetos.
Pois bem, então lembrei do que aconteceu comigo nas Gerais...
Ano passado fui a Minas, Cidades Históricas, Inhotim...Tirei um dia para ficar em Belô, descansar e ver a cidade. Visitei o Mercado Central em BH. Na manhã seguinte, bem cedo, iria a Inhotim. Cadê minha câmera Cannon profissional? Revirei tudo e nada. Não poderia perder o passeio. Tinha levado a outra Câmera, a Nikon, também profissional, e com ela pude fotografar o maravilhoso Parque-Museu. No dia seguinte, na primeira hora, parti para Mercado Central. Fui perguntando no intinerário no Mercado. Por fim, alguém ensinou ver na Segurança. Um cantinho lá fundo. Perguntei, perguntou, descrevi, desenhei com palavras, chamou o outro, que abriu uma gaveta e eis minha Câmera. Eu tenho uma sorte danada. Já esqueci bolsa no exterior, em outros lugares e encontro no mesmo local ou guardada. Mas este episódio de Minas, encheu-me de alegria e orgulho dos mineiros. Para a agência, os guias a quem eu havia perguntado se acharam uma Câmera, eu relatei o feliz desfecho e eles iriam publicar...Mandei até foto da máquina, eles pediram...Sabe onde eu havia esquecido a máquina? Só poderia ser, na loja dos temperos...pimenta...mas a sacola com as iguarias estava comigo, bem guardada...
A mesma sorte não tive, numa outra ocasião, no Ceará. Não...nenhuma desonestidade por parte dos irmãos cearenses.
Eu estava fazendo tratamento dentário e viajei com os dentes definitivos mas provisoriamente colados para teste. Como sabem, um dentinho colocado no dentista custa caro, pelo menos para mim...tudo pago em prestações, muita negociação com o profissional. E não era apenas um dentinho, eram dois, lá do fundo da boca, um grudado no outro, mas conta-se dois, pelo material, o protético. Ah! O protético, este leva a culpa de tudo...
Pois...fomos a Jericoacoara. Lugar gostoso, almoçamos com vista para a piscina...queria ficar sem bolsa, com as mãos vazias para depois dar um mergulho. Por isso guardei tudo num armário. Livre e solta para depois cair na água. O dente incomodando para comer...Tirei, embrulhei num guardanapo, guardei embaixo do prato. Sabem quando que lembrei? Quando o ônibus estava nos deixando em casa, em Fortaleza, à meia noite.
Liguei, expliquei, perguntei do lixo, disse para não jogarem o lixo fora, que no outro dia eu iria revirar o grande cesto com dejetos...Não teve jeito. Deu PT. Prejuízo total.
Já em São Paulo, no dentista: "Você poderia ter ido lá procurar. Um cliente meu teve a dentadura perdida na piscina de um clube chic onde passava férias, a mulher dele colocou todo mundo na caça à dentadura do marido, até encontrarem"
Ele não era capaz de imaginar a viagem a Jeri, no pau de arara - a senhora vai na cabine, depois reveza - naquelas trilhas estreitas, de chão batido, ladeadas de mata típica...Agora já tem avião até lá, eu sabia que era para breve, mas quis aproveitar o passeio de aventura, quase um esporte radical...(acho que até para matar saudades de alguma coisa da fazenda de Minas, lembranças de quando eu era bebê, ou fantasias da memória)
Chegamos num acordo, eu e o dentista - Dr. Miguel Angel. "O que eu posso fazer por você?" Ele iria refazer os dentinhos e me cobrar só o trabalho do protético...sim...o protético...
Uma outra amiga me disse, quando for assim, não guardar onde se possa esquecer. Guarda-se aqui, no peito, dentro do sutiã. Não tenho costume de colocar nada nessa bolsa, onde vejo muitas guardarem até celular.
A gente se lança nesse mundão para fugir da rotina e o acaso nos brinda com muito além das expectativas...
Passeios de venturas e aventuras...