A Idade do Condor
Eu hoje estava refletindo sobre a velhice, neste caso a minha, ela é triste, mas, ao mesmo tempo, sábia, mas eu não sabia. Temos que aprender a aceita-lá, quer queira ou não, ela vem chegando devagar, pelas beiradas, de repente já se instalou.
Quando nos damos conta, estamos com as bolsas e gavetas cheios de remédios, as conversas antes animadas, hoje só falamos de doenças com nossos vizinhos, é a tal da pressão alta, colesterol também, a coluna nem se fala, doe do nada, etá esporão desgraçado que dói.
E o Pulso ainda Pulsa canta os Titãs numa rádio. Você vai à rua e encontra aquele amigo que só fala de futebol, mais ele está com uma cara de suspense:
- Sabe quem morreu? Pronto, aí desmorona tudo, quem, quem, quem? E o Bahia? Nada de Bahia, hoje vamos falar de falecimento.
Estamos na beira do abismo, sem coragem de olhar para baixo, quem será o próximo? Você pensa logo, tendo em mente um amigo ou vizinho adoentado, pensamento sinistro esse, pode até ser que você se engane, vamos ver, igual a Tomé.
Fico analisando que perante tantas facilidades e oportunidades da vida moderna, temos redes sociais de todo gosto, a liberdade feminina que você não precisa se esforçar tanto para ganhar uma mina, basta mostrar ostentação e o pega-pega começa, o porradão e a música ajuda no diálogo insinuantes e ninguém é de ninguém,
Estamos na terceira idade, dizem que temos prioridade, eu chamo de Pior-Idade, tudo é pior na terceira idade, tudo é difícil nesta idade, a Idade do Condor, do achar que domingo é para descansar, pois segunda-feira se trabalha ainda, e você nem se importa com a melhor segunda-feira do mundo do (Harmonia do Samba) nosso samba é a cama.
Ninguém me preparou ou me alertou para essa droga de fase, com final melancólico.
Roberto Ornelas