Foto de Ida Maria Tristão Costa de Nicola
             
                           A CAIXINHA
                 À minha irmã Ida Maria com carinho.


 

Lá num lugar do passado, a mocinha ficava à espera de mais uma carta de seu amado.
Ela havia voltado a morar na cidade de Franca onde nasceu e deixara o namorado para trás, na cidade de Piedade, as duas cidades, cada uma num extremo do Estado de São Paulo.
A mudança iria alterar para sempre a vida daquela família de seis irmãs. Eram oito pessoas com seus sonhos modificados. O pai e a mãe voltavam a conviver com parentes e amigos deixados quando partiram da Capital do Calçado, mas deixaram muitos amigos em Piedade. Era uma mudança radical em suas vidas. As filhas também, teriam que passar por um longo período de adaptação.
Para a quarta filha, Ida Maria, a mudança era mais triste ainda, porque seu coração ficara lá em Piedade, mais ainda em São Paulo, onde o Piedadense Osmar de Nicola estava estudando Direito no Largo de São Francisco. Restara a ela os estudos, a companhia da família e as cartas do namorado. Ela ia recebendo, lendo e guardando com carinho numa caixinha especial feita de madeira com uma bela paisagem de Araucárias na tampa.
Sua irmã caçula que era muito observadora, via a cena: a irmã lendo e arquivando as missivas. De vez em quando o Osmarzinho vinha visitar a namorada, chegava sempre de madrugada no Ônibus da Cometa e passava o final de semana na casa da amada. Ele era muito falante, dominava a atenção de todos e essa característica ajudou-o a ser um ótimo advogado. Os anos passaram, as moças estudaram, se formaram, se casaram, tiveram filhos e o casal também realizou seu sonho maior. Casaram e foram morar na Capital de São Paulo, a grande Metrópole. Passou mais de quarenta anos e a Ida Maria completou setenta anos, Ela e o marido e as filhas, haviam voltado para Franca. Suas irmãs e suas filhas junto com o Osmarzinho resolveram fazer uma festa surpresa para ela. Então a irmã caçula, a Adria, que continuava a observar tudo lembrou da irmã e de sua caixinha....Onde ela estaria? Perguntou para as filhas gêmeas deles, a Paula e a Letícia, mas as moças não sabiam nada sobre o assunto, então a caçula resolveu criar uma caixinha nova, já que não havia igual para comprar. Ela e o marido reformaram uma caixinha de costura da mãe dela: Limparam, recobriram seu interior com tecido aveludado, deixaram a caixinha bem bonita mas faltava a estampa de Araucárias....Nossa, como a Adria se lembrava da caixinha!!!! Então recorreram a Internet, e lá encontraram a caixinha, havia uns três modelos diferentes...e para fazer o desenho? Pediram ao professor de artes e pintor exímio de aquarelas para ajudar. José Roberto Nocera, casado com a irmã mais velha da Ida, aceitou o desafio e fez a Capa igualzinha em papel cartão. Ficou linda!!! Ai ele trouxe a aquarela de Ribeirão Preto, onde mora e ela foi colada na caixinha. Ficou perfeita!!!
Colocaram dentro da caixa uma carta escrita pelo Osmarzinho com o endereço da rua onde a Ida Maria morava e com o endereço da pensão onde ele morara em São Paulo. Aí foi só arrumar uma linda embalagem para a caixinha, mas a Adria tinha guardado uma bem bonita e aproveitou. Tinha um lindo laço também para enfeitar. Tudo pronto! A família reunida esperando a Ida Maria chegar, as comidas feitas com carinho pelas irmãs e muitas surpresas criadas pelas filhas e sobrinhas. Muita emoção quando ela chegou e percebeu que a festa era para ela e não para os aniversariantes de Agosto...rs, a família havia tapeado ela direitinho...Muitos abraços, beijos e ela foi vendo as brincadeiras feitas especialmente para ela. Escolheram fotos da vida inteira dela e transformaram em notícias de jornal. Ficou demais! Fizeram jornais perfeitos contando cada parte mais importante da sua história. Depois o marido entregou o presente. Ela ficou surpresa porque ele já havia dado um presente para ela mas se sentou para abrir o pacote. Nossa!!! Que surpresa! Ela disse assim: - ,Essa caixinha??? Onde estava??? Aí que contaram pra ela que haviam reformando a caixinha da mãe dela. A hora que ela viu a carta dentro da caixa foi muito emocionante! Todo mundo chorou junto com ela...e o marido então fez questão de ler para todos. Ele falava dos sonhos deles, da esperança de se casarem e ter filhos e netos, do amor durar a vida toda, como se estivesse em 1968! ...E as filhas, genros e os netinhos estavam escutando!!! Foi muito lindo! Aí a festa seguiu e foi muito boa. Ficaram as lembranças e a caixinha. Testemunha desta história feliz!

 
 
 
 
 
                           
 
 
Adria Comparini
Enviado por Adria Comparini em 09/12/2019
Código do texto: T6814939
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