Em dias de dezembro...

     1. Olha, esta crônica seria somente para consumo interno se eu não estivesse a escrevê-la em Salvador e sobre a capital da Bahia.      
     Veja,  sobre cada canto e recanto dessa encantadora cidade, abençoada e protegida por Deus e pelos Orixás, há uma  história pra ser contada.
     
2. Dito isso, adianto que três assuntos quero abordar, todos acontecidos em dias de dezembro, ontem e hoje. 
     Os dois primeiros estão ligados diretamente à Igreja Católica da Bahia. E o terceiro ligado a este modesto escriba cearense, andando, desde 1957, por terras baianas. 
     
3. Começo dizendo que, na Bahia, nem sempre se dispensa o inadiável cuidado ao seu patrimônio histórico, como, por exemplo, suas centenárias igrejas, espalhadas por sua capital.
     Vez em quando, ouve-se que igreja tal está em ruínas; que o palacete antigo, do tempo da colônia, está aos pouco desaparecendo; virando entulho.
     
4. Em abril de 2014, publiquei, aqui neste site, uma crônica com este título: "Um palácio quase em ruínas".
     Referia-me ao péssimo estado de conservação em que se encontrava o Palácio Arquiepiscopal da Sé, construído no início do século 18,  no coração do Centro Histórico de Salvador.
     Para a imprensa, um "imóvel em crescente arruinamento". Revoltante, dizia eu na minha crônica. 
     
5. Lembrei, na ocasião, que o Palácio Arquiepiscopal, prestes a virar entulho, fora, durante muitos anos, a residência oficial dos bispos, arcebispos e cardeais da Bahia. O último a ocupá-lo, foi Dom Álvaro Augusto, o Cardeal da Silva.
     
6. Não digo que meu grito de protesto tenha sido ouvido pela Arquidiocese de São Salvador da Bahia.
     
O fato é que, graças a Dom Murilo Krieger, scj, arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, o Palácio da Sé foi totalmente recuperado. Está uma joia; muito bonito. Agora é um museu. Deve ser visitado. 
     
7. O novo Palácio da Sé, restaurado e belo, foi entregue ao Brasil no dia 6 de dezembro de 2019. É , pois, a mais nova atração no roteiro turístico religioso da Bahia. 
     
8. O outro evento, este, no dia 8 de dezembro, é a tradicional festa de Nossa Senhora da Conceição da Praia  - com esse título, só em Salvador -, a Padroeira da Bahia. É a famosa Festa da Conceição cantada em prosa e versos.
     A Conceição abre o ciclo de festas na Bahia (e tome-lhe festas) que deveria terminar na quarta-feira de Cinzas, em respeito à Quaresma.
     Alô ACM Neto, incansável alcaide de Salvador, por que liberou a bagunça na quarta de Cinzas?  
     
9.  E o terceiro assunto a comentar. Foi na noite da Festa da Conceição, a festa da Padroeira, que este escriba, em 1961, recebeu o seu anel e o seu diploma da bacharel em Direito, pela Universidade Federal da Bahia. 
     
10. Que felicidade! Eu, envergando a respeitada e pomposa beca preta, recebendo os aplausos dos parentes e amigos presentes à solenidade de Colação de Grau;  tudo com muito respeito; ainda não havia as insuportáveis cornetas. 
     
11. A restauração total do Palácio da Sé, pela qual tanto briguei, enfrentado até os que não acreditavam nessa façanha, a Festa da Conceição e o aniversário de minha formatura - 58 anos -  fazem-me, esses acontecimentos, neste momento, um cara feliz, neste dezembro que está se despedindo.
     
12. Salve, pois, Nossa Senhora da Conceição da Praia! Salve o meu anel de doutor!      E porque estou na Bahia, em Salvador, Salve Oxum ( o Orixá das águas), a Padroeira da Bahia no Candomblé.  Amém!
Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 07/12/2019
Reeditado em 08/12/2019
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