O RAIO DA MORTE
O Raio da Morte
Uma das minhas melhores recordações do tempo de infância: Campinho dos Velozos. Ficava num terreno baldio entre as ruas Lino Esculápio e Antônio Cavalin. Era ali onde a piazada se reunia para jogar bola todas as tardes
O campo era em declive. Mas nós já estávamos tão acostumados que nem dava para notar. Mas mesmo assim, na hora de começar o bate bola, após o indispensável par ou ímpar, sempre surgia a discussão: Quem ataca primeiro pra baixo? 5 vira 10 termina?
Um número mínimo era necessário pra começar o treino e quem chegava mais cedo, ficava inventando outras brincadeiras.
Naquele dia eu cheguei primeiro e não tendo o que fazer fiquei rondando pelas imediações, quando algo brilhante me chamou atenção: No meio da grama estava uma peça de metal que parecia ter saído do filme Guerra dos Mundos.
Cabia na palma da mão. Tinha um eixo central, onde deslizavam fileiras de discos que se encaixavam uns nos outros quando era movimentada.
Minha imaginação disparou: Seria uma arma - quem sabe aquela, a do Raio da Morte, como no filme que havia assistido?
Teria caído de algum avião, vindo do espaço mesmo? Será que eu poderia ficar com ela? Deveria guardar segredo ou contar aos meus amigos a respeito do meu achado? Aos poucos, chegando à conclusão que não era nem uma coisa nem outra, um plano foi tomando forma: Porque não aplicar uma peça na gurizada?
Então, pra coisa funcionar, precisava arranjar um ajudante. Logo lembrei do meu primo, Luís, que morava bem perto dali e que também era um dos aprontadores da turma. Fui até a casa dele, e combinamos:
- Vou ficar esperando a turma chegar com esta peça na mão- disse eu. Quando começarem a perguntar o que é, aonde achei, deixa o resto comigo. Você fica em casa até sentir que a coisa está pegando fogo. Quando escutarmos o barulho da tranca do portão da tua casa se abrindo, eu digo que vou experimentar a arma em você. Aponto, atiro, pimba e você se joga no chão.
Dito e feito: A gurizada começou a chegar e a curiosidade foi geral. A peça passou de mão em mão e cada um dava um palpite:
- É o Raio da Morte;
- Com certeza, insisti.
Daí a expectativa aumentou. A casa do meu primo ficava distante do campinho, uns cem metros. Assim que escutei o barulho e vi o Luís saindo, falei:
- Vamos experimentar se o Raio da Morte funciona mesmo!
Imediatamente, apontei para o primo, que mal ultrapassara o portão: Foi tiro e queda. Caiu durinho no chão. Assustados, correram todos para onde estava a vítima. O Luís nem se mexia, estava duro como uma estátua, estatelado no chão. Uns abanavam, outros queriam chamar minha tia e a confusão estava formada. O tempo foi passando e eu mesmo achei que ele nem estava respirando.
Ai o feitiço virou contra o feiticeiro: Comecei a acreditar que a coisa funcionara mesmo e que aos nove anos poderia ser preso, pelo crime que havia cometido. Nem imaginam o meu alívio quando vi que o grande artista não se aguentou e começou a rir. Todo mundo caiu na gargalhada e voltamos correndo para o campinho porque o treino já ia começar.
O Raio da Morte
Uma das minhas melhores recordações do tempo de infância: Campinho dos Velozos. Ficava num terreno baldio entre as ruas Lino Esculápio e Antônio Cavalin. Era ali onde a piazada se reunia para jogar bola todas as tardes
O campo era em declive. Mas nós já estávamos tão acostumados que nem dava para notar. Mas mesmo assim, na hora de começar o bate bola, após o indispensável par ou ímpar, sempre surgia a discussão: Quem ataca primeiro pra baixo? 5 vira 10 termina?
Um número mínimo era necessário pra começar o treino e quem chegava mais cedo, ficava inventando outras brincadeiras.
Naquele dia eu cheguei primeiro e não tendo o que fazer fiquei rondando pelas imediações, quando algo brilhante me chamou atenção: No meio da grama estava uma peça de metal que parecia ter saído do filme Guerra dos Mundos.
Cabia na palma da mão. Tinha um eixo central, onde deslizavam fileiras de discos que se encaixavam uns nos outros quando era movimentada.
Minha imaginação disparou: Seria uma arma - quem sabe aquela, a do Raio da Morte, como no filme que havia assistido?
Teria caído de algum avião, vindo do espaço mesmo? Será que eu poderia ficar com ela? Deveria guardar segredo ou contar aos meus amigos a respeito do meu achado? Aos poucos, chegando à conclusão que não era nem uma coisa nem outra, um plano foi tomando forma: Porque não aplicar uma peça na gurizada?
Então, pra coisa funcionar, precisava arranjar um ajudante. Logo lembrei do meu primo, Luís, que morava bem perto dali e que também era um dos aprontadores da turma. Fui até a casa dele, e combinamos:
- Vou ficar esperando a turma chegar com esta peça na mão- disse eu. Quando começarem a perguntar o que é, aonde achei, deixa o resto comigo. Você fica em casa até sentir que a coisa está pegando fogo. Quando escutarmos o barulho da tranca do portão da tua casa se abrindo, eu digo que vou experimentar a arma em você. Aponto, atiro, pimba e você se joga no chão.
Dito e feito: A gurizada começou a chegar e a curiosidade foi geral. A peça passou de mão em mão e cada um dava um palpite:
- É o Raio da Morte;
- Com certeza, insisti.
Daí a expectativa aumentou. A casa do meu primo ficava distante do campinho, uns cem metros. Assim que escutei o barulho e vi o Luís saindo, falei:
- Vamos experimentar se o Raio da Morte funciona mesmo!
Imediatamente, apontei para o primo, que mal ultrapassara o portão: Foi tiro e queda. Caiu durinho no chão. Assustados, correram todos para onde estava a vítima. O Luís nem se mexia, estava duro como uma estátua, estatelado no chão. Uns abanavam, outros queriam chamar minha tia e a confusão estava formada. O tempo foi passando e eu mesmo achei que ele nem estava respirando.
Ai o feitiço virou contra o feiticeiro: Comecei a acreditar que a coisa funcionara mesmo e que aos nove anos poderia ser preso, pelo crime que havia cometido. Nem imaginam o meu alívio quando vi que o grande artista não se aguentou e começou a rir. Todo mundo caiu na gargalhada e voltamos correndo para o campinho porque o treino já ia começar.